A montadora chinesa BYD, que nos últimos anos se consolidou como símbolo da revolução dos carros elétricos, acaba de viver um dos piores capítulos da sua história. Em apenas alguns dias, a companhia perdeu cerca de 45 bilhões de dólares em valor de mercado, após suas ações despencarem quase 30% na Bolsa de Hong Kong.
A derrocada não foi por acaso. Analistas apontam que o mercado começa a desconfiar da real solidez financeira da empresa. Relatórios sugerem que a dívida da BYD pode ser maior do que a divulgada oficialmente, levantando suspeitas sobre práticas contábeis e aumentando a desconfiança dos investidores.
Além disso, a guerra de preços na China, onde montadoras reduzem margens ao limite para manter competitividade, está sufocando lucros. A empresa já revisou para baixo suas metas de vendas em 2025 e aposta em descontos agressivos para sustentar participação de mercado. Mas essa estratégia tem um custo alto: margens cada vez menores e uma pressão crescente sobre a rentabilidade.
O cenário ainda é agravado pela superprodução no setor automotivo chinês e pelas tensões comerciais com mercados estratégicos como Europa e México, que se mostram cada vez mais hostis às exportações chinesas.
Mesmo sendo líder mundial em veículos elétricos, a BYD agora encara um dilema: como se manter no topo em meio a margens apertadas, riscos regulatórios e um ambiente global cada vez mais desconfiado da China?
No fim das contas, o futuro da empresa — e em parte dos carros chineses no mundo — vai depender da sua capacidade de adaptação a esse cenário de incertezas. Uma lição que vale também para os governos: sem transparência e confiança, até gigantes podem ruir.





