Em um movimento que antecipa os bastidores da sucessão no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), o desembargador José Edivaldo Rocha Rotondano Jatahy Júnior formalizou sua candidatura à presidência da Corte para o biênio 2026–2028. A carta enviada aos colegas de magistratura não apenas oficializa o pleito, mas já sinaliza os pilares estratégicos de sua gestão, caso seja eleito.
Com 39 anos de atuação no Judiciário baiano, Jatahy coleciona passagens por áreas-chave da Justiça: já atuou como juiz de 1º grau, corregedor das comarcas do interior, diretor da Universidade Corporativa e da Escola da Magistratura da Bahia (EMAB), e presidiu o TRE-BA. Sua experiência, portanto, abrange o eixo institucional, pedagógico e administrativo do Poder Judiciário.
Mais que um cargo, uma missão
Na carta, o desembargador adota um tom firme ao afirmar que sua candidatura nasce do “compromisso com a justiça, com o serviço público de qualidade e com o futuro da Corte baiana”. Longe de uma candidatura protocolar, Jatahy defende um modelo de gestão baseado em pessoas, tecnologia e sustentabilidade — palavras que, se bem aplicadas, representam uma guinada relevante em um tribunal historicamente marcado por desafios estruturais e denúncias recorrentes de morosidade.
Os 4 pilares da proposta
A candidatura é sustentada por quatro eixos principais:
Valorização do Capital Humano
Jatahy promete atuar pela melhoria das condições de trabalho, pela atualização do Plano de Cargos e Salários e pelo fortalecimento dos gabinetes de 1º e 2º grau. O foco nos servidores, que historicamente reivindicam maior reconhecimento, é uma sinalização de escuta ativa e gestão participativa.
Inovação Tecnológica
Um dos pontos centrais é o uso de inteligência artificial para acelerar julgamentos e reduzir o acervo de processos. Ele também cita segurança da informação e maior integração digital com outros órgãos — passos essenciais para um Judiciário mais ágil, transparente e acessível.
Sustentabilidade Administrativa e Eficiência
O desembargador propõe modernização da máquina pública com equilíbrio financeiro e uso racional dos recursos. A ênfase na jurisdição de primeiro grau e valorização dos cartórios extrajudiciais também aparece como diferencial.
Diálogo Institucional e Imagem Pública do Tribunal
Fortalecer o relacionamento com a sociedade, a imprensa e outras instituições é outro ponto-chave. O discurso revela preocupação com reputação e confiança pública, ativos fundamentais para qualquer corte de justiça.
Análise: técnica com empatia
O anúncio de Jatahy Júnior é mais do que uma intenção administrativa — é uma tentativa de reposicionar o TJ-BA como instituição mais próxima da sociedade e menos fechada em seus próprios muros. Em um Judiciário frequentemente questionado por suas distâncias sociais, tecnológicas e processuais, a proposta sinaliza abertura e escuta.
Por outro lado, resta saber como essas ideias serão traduzidas em práticas concretas num ambiente ainda permeado por resistências internas, hierarquias cristalizadas e escassez de recursos. A eleição, embora simbólica, também será um teste de forças entre diferentes visões sobre o futuro da Justiça baiana.