Depois de um impasse que durou mais de três meses e gerou tensão na Câmara Municipal de Salvador, finalmente o prefeito Bruno Reis (União) e a cúpula do PSDB chegaram a um entendimento sobre o espaço do partido na reforma administrativa.
Os tucanos cederam e não ficarão no comando da desejada Secretaria de Educação (Smed), conforme era o acordo firmado antes das eleições de outubro passado. Em troca, o prefeito ofereceu as titularidades da Secretaria de Saúde (SMS), da Transalvador e da Agência Reguladora e Fiscalizadora de Serviços Públicos (Arsal).
A proposta inicial do prefeito ao PSDB, como revelou com exclusividade o Política Livre em diversas matérias, foi oferecer ao partido o comando da SMS, da Arsal e a manutenção da Secretaria de Gestão (Semge), chefiada atualmente por Rodrigo Alves, ligado ao deputado federal tucano Adolfo Viana. Essa oferta foi recusada tanto por Adolfo quanto pelo presidente da Câmara Municipal, Carlos Muniz (PSDB), que liderou as negociações pela legenda ao lado do deputado.
O PSDB chegou a fazer uma contraproposta para ceder a Smed: ficar com a SMS e a Secretaria de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), só que o prefeito não aceitou, elevando a tensão com os tucanos.
Pelo acordo, Rodrigo Alves, hoje na Semge, será o secretário de Saúde. Ele já deve assumir na semana que vem – a tendência é que o anúncio ocorra na segunda (10). Já o subsecretario será da cota de Muniz: o atual ouvidor-geral da Prefeitura, Jean Sacramento, que coordenou a campanha proporcional da federação PSDB/Cidadania nas eleições do ano passado em Salvador.
Jean, que já exerceu diversas funções no Executivo municipal desde a gestão de ACM Neto (União), só deve assumir o novo cargo depois do Carnaval. O atual titular da SMS, Alexandre Reis, deve seguir na pasta ao menos até a folia, para auxiliar Rodrigo Alves na organização dos serviços da área da saúde na festa. Ele era sub de Ana Paula Matos (PDT) quando a vice-prefeito liderava a secretária. Alexandre é, ainda, próximo do presidente do PL na Bahia, João Roma.
A mudança na Transalvador, que também deve ser anunciada na segunda, só será, da mesma forma, efetivada após o Carnaval. Sai Décio Martins, que já foi titular da SMS e é ligado ao deputado federal Leo Prates (PDT), e entra Diego Brito, atual chefe de Gabinete de Carlos Muniz na Câmara e homem da extrema confiança do tucano.
Décio, por sua vez, deve assumir o comando da Secretaria de Ordem Pública (Semop). O atual titular da pasta é Alexandre Tinocô, primo do vereador Claudio Tinoco (União), que deve ser deslocado para um cargo na Sedur, onde já atuou.
O nome do novo chefe da Arsal ainda será definido por Carlos Muniz, o que pode ocorrer ainda neste final de semana. Quem exerce a função hoje é Marcus Passos, que já comandou a Semop na gestão de ACM Neto, por indicação do deputado estadual Paulo Câmara (PSDB).
Outros aliados
Com a conclusão das negociações com os tucanos, o que era considerada prioridade para o prefeito antes de aprofundar as conversas com os outros aliados sobre a reforma administrativa, Bruno Reis deve definir agora o destino de Ana Paula e do PDT na gestão, bem como tentar resolver o impasse com o Republicanos e oficializar o convite para o vereador Alberto Braga (União) assumir a Secretaria de Inovação e Tecnologia (Semit).
Ana Paula é cotada para duas secretarias: a de Cultura e Turismo (Secult) e a de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre), pasta que já comandou. O PDT desejava que ela retornasse para a SMS, o que foi inviabilizada por conta do acerto com o PSDB.
O Republicanos, por sua vez, almeja, além de manter as duas secretarias que tem hoje – as de Infraestrutura (Seinfra) e Manutenção (Seman) -, assumir o comando Superintendência de Conservação e Obras Publicas (Sucop), como também informou com exclusividade o site, por meio da coluna Radar do Poder.
Bruno Reis quer que, para a Seinfra, o partido indique o vereador Luiz Carlos ou o vereador Júlio Santos, que já lideraram a pasta, hoje chefiada por Francisco Espinheira, também ligado à legenda. Com isso, o suplente Beca (Republicanos), muito ligado ao prefeito, assumiria uma cadeira na Câmara.
Ao convidar Alberto Braga para a Smit, Bruno Reis quer contemplar outro suplente, dessa vez Palhinha (União). Tanto Beca quanto Palhinha foram informados pelo prefeito que assumiriam os mandatos ainda este mês, após insistência de ambos sobre um posicionamento diante da lentidão da reforma, que ficou paralisada na área política por conta da indefinição com o PSDB.
Até agora, o prefeito do anunciou três mudanças no primeiro escalão da equipe em funcão do pedido de exoneração dos antigos titulares: Pablo Souza para a Secretaria de Mobilidade (Semob), Isaura Genoveva para a Secretaria de Reparação (Semur) e Walter Pinto Júnior na Secult – este ainda na condição de interino, pois era o sub na pasta.
Negociações tensas
O impasse nas negociações entre o prefeito e o PSDB gerou tensão na Câmara Municipal está semana, na composição das comissões permanentes da Casa. Como mostrou o site em primeira mão, Carlos Muniz tirou do União Brasil, partido de Bruno Reis e maior bancada no Legislativo, o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Muniz colocou na presidência da CCJ o vereador Sidninho (PP), de quem é próximo e que fez, na semana passada, diversas críticas ao Executivo em relação a negociações por cargos e atendimento político com o aval do tucano – ele é da base. Quem também fez o mesmo foi o vereador Maurício Trindade (PP), outro da base e ligado ao presidente da Câmara.
O acordo entre Bruno Reis, Carlos Muniz e Adolfo Viana foi fechado na noite desta sexta-feira (07), um dia após a instalação das comissões da Câmara. Bruno Reis resistiu a entregar a Smed aos tucanos para agradar o antecessor ACM Neto, a quem o atual secretário, Thiago Dantas, é ligado.
Fonte: Política Livre