O caso que começou como uma declaração polêmica virou agora assunto de tribunal superior. O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o envio ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) da queixa-crime apresentada pelo deputado estadual Diego Castro (PL) contra o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT).
A ação foi motivada por um vídeo no qual o chefe do Executivo baiano afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus eleitores deveriam “pagar a conta” e ser mandados “para a vala com enchedeira”. A frase, dita em um evento público, causou forte repercussão, principalmente entre parlamentares da oposição — que viram na fala uma ameaça à integridade física de milhões de brasileiros.
Diego Castro, que preside a Comissão de Segurança Pública e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa da Bahia, classificou a declaração como “inadmissível e perigosa”. “O governador da Bahia sugerir ‘mandar para vala’ os eleitores de Bolsonaro ultrapassa todos os limites do discurso político. Isso não é liberdade de expressão, é incitação”, afirmou o deputado.
Com a decisão do STF de remeter o caso ao STJ, caberá agora à Corte avaliar se a denúncia tem consistência jurídica para ser acolhida e, eventualmente, transformada em ação penal contra Jerônimo Rodrigues. A depender do andamento, o governador poderá se tornar réu por sua fala.
A repercussão do episódio coloca em xeque o tom adotado por autoridades públicas em tempos de polarização extrema. Quando a intolerância se torna política de Estado, o risco deixa de ser só retórico — e passa a ameaçar a própria democracia.
