Romilcio Alves Rocha, 44 anos, morreu como morrem muitos no interior da Bahia: sem assistência, sem transferência e sem resposta. Internado no Hospital Municipal de Carinhanha, no sudoeste do estado, ele passou quase 20 dias ligado ao soro, com tuberculose, anemia e suspeita de câncer, aguardando uma vaga via regulação estadual. A tomografia estava liberada. Os exames feitos. Mas a vaga nunca chegou.
Romilcio só recebeu oxigênio quando já estava em estado grave. Demais, tarde demais. Faleceu no dia 8 de maio, sem diagnóstico fechado, sem chance de tratamento, sem direito ao mínimo: ser atendido com dignidade.
A revolta da família e da comunidade é a mesma de quem já perdeu alguém na chamada “fila da morte”. Um nome que o sistema finge não conhecer, mas que todo baiano que depende do SUS conhece de cor. A regulação, na prática, virou sorteio. E perder é morrer.
Não adianta discurso bonito sobre investimento em saúde se a vida de um homem pode ser interrompida por falta de oxigênio e por uma vaga que nunca vem. Romilcio virou estatística, mas poderia ser qualquer um. E isso é o que mais assusta.
Enquanto o governo do estado se orgulha de números e promessas, a realidade nos hospitais segue a mesma: abandono, espera e luto. E cada nova morte sem atendimento é um tapa na cara de quem ainda acredita que saúde é direito.