Nesta quinta-feira (15), moradores de Eunápolis interromperam a BR-101 em protesto. Querem justiça. Querem respostas. Querem, ao menos, um corpo para enterrar. Porque o Estado — esse mesmo que vive de discurso pronto — não consegue sequer garantir o básico: o direito de um filho voltar vivo pra casa.
O nome da vítima era Weverton Antônio dos Santos. Jovem, trabalhador, motorista de aplicativo e segurança. Sequestrado, torturado e esquartejado por criminosos ligados a uma facção. O corpo? Desaparecido. As imagens da execução foram enviadas para os contatos dele pelos próprios assassinos. Sim, gravado e compartilhado — como se a vida humana tivesse virado conteúdo de grupo de WhatsApp.
A mãe, Lindinalva Ramos, não pede muito. Só clama para poder enterrar o filho. Digno. Com respeito. Com um fim, por mais doloroso que seja. Enquanto isso, a cidade sangra e o governo se esconde atrás de estatísticas, notas e “ações em andamento”.
A Polícia Civil diz que a prioridade é encontrar o corpo. A PM encontrou o carro dele abandonado numa estrada de terra em Porto Seguro. Mas o problema vai muito além do paradeiro de um corpo: o que Eunápolis quer saber — e o que todo baiano tem o direito de perguntar — é:
Até quando?
Até quando mães vão precisar interditar rodovias para serem ouvidas? Até quando a segurança pública da Bahia vai ser conduzida com remendos e silêncio? Até quando a vida vai valer tão pouco?