Enquanto o PSDB nacional avalia os próximos passos da federação com o Cidadania, na Bahia o clima é de apreensão. Filiados históricos do partido não escondem o desconforto: temem que a junção — criada sob o pretexto de sobrevivência eleitoral — acabe por apagar a identidade tucana no estado.
A federação, que deveria durar no mínimo quatro anos conforme prevê a legislação eleitoral, já dá sinais de rachadura. O Cidadania, que formalizou intenção de rompimento, ignora que o fim precoce da aliança poderia gerar punições legais, como a suspensão do fundo partidário.
Na Bahia, onde o PSDB tenta se reerguer após derrotas eleitorais significativas, a preocupação é ainda mais urgente. Lideranças locais avaliam que uma fusão completa apagaria a história construída pelo partido no estado — e enfraqueceria o espaço para alianças futuras com lideranças como ACM Neto, que tentam reconfigurar a oposição ao PT baiano.
A tensão também reflete a disputa por protagonismo nacional. O PSDB busca sobreviver à sua própria crise de identidade, cogitando fusões com outras legendas — entre elas o Podemos e o Solidariedade — mas corre o risco de se dissolver em arranjos que priorizam interesses de cúpula, e não o projeto partidário original.
A federação pode ter sido costurada em Brasília, mas é no chão da Bahia que o PSDB precisa mostrar força. E, para isso, os tucanos baianos sabem: é preciso manter as asas firmes e não deixar que o voo nacional os leve a um pouso forçado.