Durante um evento recente no interior de Mato Grosso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a usar o palanque para expor um dos muitos contrastes do seu governo. Dessa vez, o alvo foi o valor do gás de cozinha, que segundo ele, é vendido pela Petrobras por cerca de R$ 37, mas chega às famílias por mais de R$ 120. A conta não fecha — e o presidente agora quer saber: quem está lucrando tanto nessa cadeia?
Com seu estilo retórico já conhecido, Lula levantou suspeitas, criticou o mercado, mas não apresentou medidas claras de fiscalização ou responsabilização. Em vez disso, anunciou mais um programa social, prometendo gás gratuito para 22 milhões de famílias cadastradas no CadÚnico. A promessa, embora louvável em seu objetivo, reacende o debate sobre a sustentabilidade fiscal e a priorização das políticas públicas no país.
O presidente também reforçou a intenção de incluir o gás de cozinha na cesta básica até o final do seu mandato em 2026. A medida soa como aceno populista, especialmente em um momento em que o governo enfrenta críticas crescentes por seu desempenho econômico e dificuldade de articulação no Congresso.
Mais uma vez, Lula apontou o dedo, mas não indicou saídas estruturais para o problema. Ao acusar “alguém” de lucrar indevidamente, o presidente sugere irregularidades, mas silencia sobre mecanismos de controle, fiscalização de distribuidores ou reforma da estrutura tarifária.
Enquanto isso, milhões de brasileiros seguem pagando caro pelo gás, e o discurso do presidente tenta cobrir com promessas aquilo que a realidade insiste em mostrar: a conta continua pesada para quem mais precisa.