A paralisação de mais de 130 escolas da rede municipal de Salvador completa mais de um mês, iniciada em 6 de maio, e coloca em lados opostos a gestão municipal e o sindicato da categoria. A APLB-Sindicato afirma que a greve se mantém pela defesa do pagamento do piso nacional do magistério e pela implementação de um plano de carreira mais justo. Do outro lado, a Prefeitura argumenta que todos os professores e coordenadores pedagógicos já recebem acima do valor estipulado por lei.
O piso nacional, estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC) para 2024, é de R$ 4.867,77 para jornada de 40 horas semanais. No entanto, segundo levantamento obtido via Lei de Acesso à Informação, há professores municipais com remunerações brutas que superam R$ 40 mil mensais. A lista inclui vencimentos, gratificações e outras vantagens legais.
Um dos casos destacados é o de uma professora que, em junho, recebeu R$ 40.711,76. Outro docente aparece com R$ 38.434,66 no mesmo mês. Coordenadores pedagógicos também chamam atenção, com proventos variando de R$ 29 mil a R$ 39 mil em meses recentes. Os dados constam na tabela de vencimentos disponível no Portal da Transparência da Prefeitura.
Entre os nomes citados no levantamento estão lideranças do movimento grevista. Denise Souza, esposa do deputado estadual Hilton Coelho (PSOL), recebeu R$ 23.101,15 líquidos. Já a dirigente sindical Elza Souza Melo aparece com R$ 18.622,50 em vencimentos mensais. Ambos os nomes têm atuação de destaque nas mobilizações recentes da categoria.
Além dos altos salários em alguns casos, os professores da rede municipal receberam reajuste de 6,27% em 2024, valor superior à inflação oficial (IPCA), que fechou em 4,83% no acumulado de 12 meses. Para uma parte dos profissionais, o reajuste chegou a 9,25%, conforme previsto em lei aprovada pela Câmara Municipal e sancionada pelo Executivo.
Mesmo diante dos números, a greve continua. A APLB alega que o índice de reajuste é insuficiente para equiparar os vencimentos de todos os profissionais ao piso. A Prefeitura, por sua vez, sustenta que a folha já contempla salários superiores ao estabelecido nacionalmente e questiona a legitimidade da paralisação, declarada ilegal pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).