Enquanto hospitais enfrentam superlotação, escolas pedem socorro e estradas se desfazem sob o asfalto malcuidado, o governo da Bahia destina cifras milionárias para garantir brilho nos palcos do São João da capital. De acordo com informações divulgadas pelo Ministério Público da Bahia e repercutidas pelo G1, mais de R$ 18,44 milhões foram investidos em shows bancados pelo estado apenas na cidade de Salvador, que sediou festejos no Parque de Exposições, Pelourinho e no bairro de Paripe.
O cachê mais alto foi da cantora Simone Mendes, que recebeu R$ 800 mil por uma única apresentação no dia 19 de junho. Logo atrás vieram Leonardo, com R$ 750 mil, e Pablo, com R$ 550 mil. No total, foram 11 grandes atrações contratadas a peso de ouro. Outros nomes como Murilo Huff, Manu Bahtidão, Alceu Valença, Tarcísio do Acordeon e Thiago Aquino também aparecem na lista dos artistas com valores expressivos pagos com dinheiro público.
🎤 A estrutura do evento no Parque de Exposições, principal ponto da programação, recebeu atenção total do governo. Já a estrutura de escolas e hospitais pelo interior do estado, segundo denúncias recentes, segue em ritmo de abandono.
📉 A questão não está em valorizar o São João — uma festa que, de fato, movimenta a economia, a cultura e o turismo. O ponto crítico é a inversão de prioridades: enquanto municípios decretam emergência por seca, colapso na saúde ou evasão escolar, o estado distribui cifras milionárias em contratos artísticos que pouco dialogam com as necessidades reais da população.
⚠️ O paradoxo é claro: um estado onde a carência se espalha pelas comunidades mais vulneráveis, mas que insiste em manter uma imagem de prosperidade a qualquer custo — custe o que custar. Literalmente.