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Déficit do setor público chega a R$ 33,7 bi em maio e dívida ultrapassa R$ 9 tri
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Déficit do setor público chega a R$ 33,7 bi em maio e dívida ultrapassa R$ 9 tri

O setor público brasileiro — que reúne União, estados, municípios e estatais — fechou o mês de maio de 2025 com um déficit primário de R$ 33,7 bilhões, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (30) pelo Banco Central. O número, embora alarmante, representa uma melhora em relação ao mesmo período de 2024, quando o rombo chegou a R$ 63 bilhões.

A redução no buraco das contas públicas foi influenciada, principalmente, pelo desempenho positivo de estados e municípios, que fecharam o mês com superávit de R$ 4,5 bilhões. O resultado foi impulsionado pelo aumento da arrecadação tributária acima da inflação e pela lentidão nos gastos federais, reflexo do atraso na aprovação do Orçamento de 2025, que travou repasses e despesas ao longo do primeiro semestre.

Na prática, o que isso mostra? Que os cofres da União seguem sangrando — e sendo sustentados pelas administrações locais, que conseguiram algum fôlego graças ao crescimento da receita. A arrecadação líquida do governo federal chegou a R$ 178 bilhões, com alta de 2,8% em relação a maio do ano passado. Mas o ritmo da despesa, ainda contido, é mais obra da inércia institucional do que de um plano de austeridade real.

Apesar da “melhora” no déficit mensal, o quadro estrutural das contas públicas permanece delicado. A dívida bruta do governo geral, que inclui o INSS, ultrapassou a marca dos R$ 9,3 trilhões em maio — o que representa 76,1% do PIB brasileiro. O avanço foi puxado pelo efeito corrosivo dos juros altos, com a Selic ainda estacionada em 15% ao ano, além das oscilações cambiais.

Em resumo: o Brasil gasta muito, arrecada mal e sustenta sua máquina com uma dívida que cresce em ritmo acelerado. O resultado é um Estado inchado, que cobra caro, entrega pouco e transfere o peso do desequilíbrio fiscal para a sociedade, na forma de cortes, inflação ou aumento de tributos.

No meio disso tudo, o governo insiste em manter a retórica de que “está no caminho certo”, enquanto o Congresso reage derrubando decretos e o mercado opera em desconfiança. O déficit pode até encolher num mês — mas o rombo de credibilidade segue aberto.