A rede estadual de ensino da Bahia está no centro de uma denúncia grave: estudantes estariam sendo aprovados automaticamente, mesmo sem frequentar aulas ou alcançar o desempenho mínimo. O alerta veio à tona por meio de uma suposta professora da própria rede, que revelou que a prática vem sendo orientada por uma portaria oficial da Secretaria de Educação do Estado.
Segundo a denunciante, os alunos são lançados como aprovados nos sistemas escolares mesmo sem notas ou registros de presença, o que contraria os princípios básicos de avaliação. O mais preocupante: essa política, segundo ela, não é pontual — é generalizada. “Isso está acontecendo em todas as escolas estaduais, de forma escancarada”, afirmou.
A fala da professora não parou no desabafo. O caso chegou ao conhecimento do Ministério Público da Bahia, que confirmou o teor da denúncia e apontou o que classificou como “falhas gravíssimas” na normativa que permite tais aprovações. Diante da repercussão, o MP-BA exigiu alterações imediatas no modelo adotado pela Secretaria de Educação e convocou a educadora para uma reunião com representantes do governo.
A motivação por trás da manobra, segundo a denúncia, seria inflar artificialmente os números do IDEB e maquiar os indicadores de desempenho da gestão estadual. “Isso aqui não é inclusão, é maquiagem estatística. A gente está empurrando alunos para frente sem ensinar nada”, comentou um educador ouvido pela reportagem, sob anonimato.
A situação se torna ainda mais delicada quando se leva em conta que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) foi justamente secretário de Educação antes de assumir o comando do estado. “Se como secretário ele já foi um desastre, o que dizer agora como governador?”, questionou a denunciante. O clima é de indignação entre professores e especialistas, que veem a medida como um retrocesso pedagógico disfarçado de política pública.
Até o momento, a Secretaria de Educação da Bahia não se manifestou oficialmente sobre o caso. Fontes internas, no entanto, afirmam que o tema está sendo avaliado após a cobrança do Ministério Público.
Enquanto isso, a educação baiana segue em xeque. A pergunta que fica é: quem está realmente sendo aprovado nesse processo? Os estudantes ou a narrativa conveniente de um governo que prefere os números aos resultados?