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Toffoli encerra paralisação e escancara impasse entre justiça, sindicato e governo
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Toffoli encerra paralisação e escancara impasse entre justiça, sindicato e governo

A greve dos professores da rede municipal de Salvador chegou ao fim — não pelo diálogo, nem pela valorização do magistério, mas por força de decisão judicial. O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou a reclamação da APLB-Sindicato e determinou o retorno imediato às aulas, validando a decisão do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), que já havia declarado a paralisação ilegal.

Toffoli — nomeado ao STF por Lula — entendeu que a greve infringia a Lei 7.783/89, pois as negociações salariais estavam em curso e não havia “esgotamento do diálogo”. A determinação autoriza ainda o desconto dos dias parados, a aplicação de multas diárias ao sindicato e, caso haja descumprimento, bloqueio de recursos financeiros da entidade.

O sindicato, por sua vez, liderado por nomes ligados à ala sindical do PSOL, denuncia que a proposta da prefeitura não garante o reajuste integral do piso nacional nem assegura a recomposição de gratificações retiradas dos salários. No entanto, a postura do movimento — marcada por contradições, supersalários entre lideranças e vaquinhas digitais — minou parte da confiança da população e fragmentou o apoio da própria base da categoria.

Enquanto os professores lutam por melhores condições, Denise Silva, uma das principais vozes da greve e esposa do deputado Hilton Coelho (PSOL), embolsou quase R$ 28 mil líquidos durante o período da paralisação — mesmo com a greve declarada ilegal. Em paralelo, lançou campanha de arrecadação para os colegas sem mencionar seu próprio contracheque. A incoerência virou combustível para críticas, alimentando a suspeita de que o movimento, em vez de representar o coletivo, estaria sendo usado como palanque político.

Do outro lado, a Prefeitura de Salvador afirma que já concedeu reajuste entre 6,27% e 9,25%, acima do piso nacional, e que 78% das escolas municipais já retomaram as aulas. Com base nessa justificativa, suspendeu novas rodadas de negociação. O prefeito Bruno Reis reforçou o tom duro: “Não haverá diálogo com quem descumpre ordem judicial”.

A decisão de Toffoli encerra a greve no papel, mas o rastro de desgaste é visível: educadores divididos, pais revoltados, alunos prejudicados, e mais uma vez, a pauta da educação escanteada em meio à disputa entre sindicatos, partidos e gabinetes.

No fim das contas, o que se viu foi uma greve com causas legítimas sequestrada por disputas políticas, marcada por lideranças que pedem piso para a base enquanto recebem teto para si mesmas. A Justiça cortou o movimento, mas o ruído entre poder e sala de aula continua alto.

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