A movimentação política nos bastidores da Bahia ganhou novos contornos com a fala de ACM Neto (União Brasil), que abriu espaço para um possível diálogo com o PSD. O recado foi claro e direto: se o PT insistir em formar uma chapa majoritária composta apenas por nomes do próprio partido, excluindo aliados históricos como o senador Angelo Coronel, a oposição está pronta para reorganizar o jogo.
Durante a celebração do aniversário do prefeito José Ronaldo em Feira de Santana, ACM Neto reforçou sua crítica à articulação do PT que tenta, mais uma vez, concentrar o poder em mãos petistas. Para ele, a exclusão de Coronel — senador eleito pela base e aliado de primeira hora do grupo — revela uma postura autoritária e míope da cúpula petista, que prefere manter o controle da máquina a construir alianças amplas com base no diálogo.
“Depois de 20 anos no poder, o PT deveria ter aprendido a dividir espaço. Montar uma chapa só com petistas é um desrespeito a quem esteve ao lado deles esse tempo todo”, disparou Neto. Ele ainda classificou como “irrazoável” o projeto de poder em curso, destacando que esse tipo de decisão reforça a velha lógica da “panelinha” e da centralização partidária, colocando interesses políticos acima das necessidades reais da população baiana.
O ex-prefeito de Salvador também defendeu o senador Angelo Coronel, ressaltando laços de amizade e respeito construídos ao longo dos anos. Segundo Neto, se o PT optar por seguir sozinho, o PSD terá, naturalmente, a liberdade de buscar novos caminhos. E o União Brasil está disposto a conversar.
Essa sinalização não é à toa. Nos bastidores, há uma percepção crescente de que o PT vem perdendo a sensibilidade política para construir consensos. A possível formação de uma “chapa puro sangue”, com nomes petistas ocupando os principais cargos, é vista por muitos aliados como uma tentativa de hegemonia — e não como um projeto coletivo.
A fala de ACM Neto revela, portanto, mais do que uma crítica pontual. É um aviso de que a oposição não está parada. Está observando, se articulando e, sobretudo, disposta a ocupar o espaço que o PT insiste em monopolizar.
Na prática, o jogo de xadrez político para 2026 começou — e cada movimento agora já desenha o futuro das alianças na Bahia.