A política baiana entrou em estado de alerta. O veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto que aumentaria o número de deputados federais e estaduais ameaça diretamente a representatividade do estado. Se o veto for mantido, a Bahia perderá duas cadeiras na Câmara Federal e seis na Assembleia Legislativa.
A proposta inicial previa ampliar de 513 para 531 o total de deputados federais no país, redistribuindo as vagas conforme critérios populacionais. Para a Bahia, significaria mais espaço político e mais força nas decisões nacionais. Com o veto, o estado se vê prestes a perder espaço — e isso reacendeu disputas e articulações nos bastidores.
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Paulo Azi (União Brasil), admite que o cenário é imprevisível: a Câmara tem maioria para derrubar o veto, mas no Senado a situação é bem mais delicada. Lá, o governo conta com apoio mais sólido, e a pressão da base pode garantir a manutenção da decisão presidencial.
Para o deputado Cláudio Cajado (PP), o movimento de parte da esquerda em favor do veto é quase inevitável, já que se trata de um projeto que o próprio presidente barrou. “A disciplina partidária pesa”, resumiu.
O impacto não se limita à Bahia. Se o veto for mantido, o Rio de Janeiro perde quatro vagas federais; Piauí e Rio Grande do Sul, duas cada; e Alagoas e Pernambuco, uma cada. Do outro lado do debate, críticos à proposta alegam que o aumento traria um custo extra de R$ 65 milhões por ano — argumento que tem sido explorado pelo Planalto para sustentar a decisão.
Mesmo na base de apoio a Lula, há quem resista. O senador Otto Alencar (PSD-BA) já avisou que votará contra o presidente neste caso. Para ele, a defesa da representatividade baiana está acima da fidelidade ao Planalto.
No fundo, a disputa não é apenas sobre números de cadeiras. É sobre quem terá mais voz nas decisões que moldam o futuro do país. Para a Bahia, perder espaço significa também perder influência, recursos e capacidade de negociação. E em tempos de polarização, cada voto — e cada cadeira — pode decidir muito mais do que parece.