Foram mais de dois meses de paralisação, protestos nas ruas e pressão da categoria. Só então a Prefeitura de Salvador se mexeu. O prefeito Bruno Reis enviou à Câmara Municipal o projeto de lei que regulamenta o plano de carreira dos professores, resultado do acordo fechado com a APLB-Sindicato.
O texto altera o Plano de Carreira do Magistério Municipal, o Fundo Municipal de Educação e o Programa Dinheiro Direto na Escola, além de modificar pontos da Lei nº 9.865, sancionada em maio, que foi justamente a faísca para a greve.
Entre as novidades, estão a manutenção da Gratificação de Aprimoramento — com faixas de 2,5%, 5% e 7,5%, limitadas a 25% do vencimento básico — e a criação de uma Gratificação por Otimização do Tempo em sala de aula, que pode variar de 5% a 20%, de acordo com a carga horária e área de atuação.
Na prática, o projeto tenta amenizar o desgaste com a rede municipal de ensino, que enfrentou um dos maiores períodos de paralisação da história recente da capital baiana. Mas a ferida ainda está aberta: professores cobram mais valorização, estudantes ficaram sem aulas por semanas e pais tiveram de se virar no improviso.
O projeto chega à Câmara como um passo importante, mas também como um lembrete: sem diálogo real e valorização concreta, a educação pública de Salvador seguirá no fio da navalha, refém de greves, negociações tardias e promessas que demoram a sair do papel.