A debandada anunciada do União Brasil e do Progressistas do governo Lula ganhou um capítulo de resistência. O ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), resolveu desafiar a ordem partidária que determinava a saída imediata de seus filiados da Esplanada. Enquanto dirigentes falam em expulsão, Fufuca segue despachando normalmente, como se a crise não existisse.
O recado é claro: o ministro pretende se manter no cargo e aposta no apoio político que o levou até lá — especialmente a influência de Davi Alcolumbre (União-AP), apontado como padrinho da sua indicação. Essa rede de alianças, construída nos bastidores, ajuda a explicar por que Fufuca se sente confortável para bater de frente com a direção nacional do partido.
Não é um caso isolado. O ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA), também resiste à ordem de entregar o cargo. Ambos sabem que Lula prefere segurar aliados dentro do governo, mesmo que isso represente uma convivência forçada com legendas cada vez menos comprometidas com a base.
O episódio expõe duas fragilidades. A primeira é a do próprio governo, que apostou em ampliar a base com o Centrão, mas agora se vê refém de partidos que usam os ministérios como moeda de troca. A segunda é a dos partidos, que demonstram pouca autoridade sobre suas lideranças, incapazes de impor disciplina quando o apelo do poder fala mais alto.
No meio desse impasse, quem perde é a governabilidade. Um governo que já lida com economia estagnada e popularidade em queda agora precisa administrar uma base fragmentada, onde ministros passam a agir mais como representantes de si mesmos do que de suas siglas.
O movimento de Fufuca, portanto, não é apenas um ato de insubordinação. É um sintoma de que a coalizão montada por Lula pode ruir mais rápido do que se imaginava — e de que a política brasileira ainda gira em torno de interesses individuais, muito mais do que de compromissos partidários.