O Governo da Bahia deu mais um passo no projeto de expansão do Sistema Metroviário Salvador–Lauro de Freitas. Em sessão pública realizada nesta quarta-feira (3), a Companhia de Transportes da Bahia (CTB) divulgou o resultado parcial da licitação para implantação do Tramo 4 da Linha 1, que ligará a Estação da Lapa ao Campo Grande, um dos trechos mais sensíveis e simbólicos da capital baiana.
Consórcio “favorito” tem preço mais alto
O Consórcio 2 de Julho, composto pelas empresas Álya, Odebrecht, Metro Engenharia e MPE, obteve a melhor pontuação técnica da fase: nota técnica 96, nota de preço 93,95 e nota final de 95,18. A proposta financeira apresentada foi de R$ 1,127 bilhão, com um desconto de pouco mais de R$ 34 milhões.
No entanto, o que chama atenção é a disparidade de valores frente à concorrência.
O Consórcio Mendes Jr / Power China / Toniolo / Pampulha, segundo colocado, alcançou nota técnica 73,85, mas apresentou nota de preço 100 — resultado de uma proposta quase R$ 103 milhões mais barata, totalizando R$ 1,024 bilhão, com desconto bem mais agressivo.
Apesar da diferença na avaliação técnica, o contraste de valores levanta um questionamento essencial: como equilibrar qualidade técnica e responsabilidade com o dinheiro público em obras de grande porte?
A Metro Engenharia no centro do debate
Parte do consórcio que lidera a disputa, a Metro Engenharia tem figurado com frequência em licitações promovidas pelo Governo da Bahia. A empresa acumula contratos para construção e reforma de hospitais importantes como o Hospital Costa do Dendê, Hospital de Camaçari e Hospital Clériston Andrade, além de prestação de serviços para a Embasa em Salvador e na Região Metropolitana.
Embora a recorrência de vitórias em processos licitatórios não configure irregularidade, acende o alerta sobre o nível de concorrência efetiva nas contratações públicas e a necessidade de transparência total nos critérios de escolha — especialmente quando há diferença expressiva de valores, como nesse caso.
Modernização que exige vigilância
O Tramo 4 é parte crucial da expansão do metrô — não apenas por conectar pontos centrais da cidade, mas por impactar diretamente a mobilidade urbana, o comércio local e a rotina de milhares de baianos. Por isso, mais do que discutir números ou rankings de nota técnica, é preciso garantir que a obra seja executada com eficiência, segurança, economia e compromisso social.
Valorizar a técnica não pode significar ignorar o custo. E buscar o menor preço não pode comprometer a qualidade. O equilíbrio entre esses dois pontos deve ser o fio condutor de decisões que envolvem bilhões de reais e afetam o dia a dia da população.