A CPI do INSS aprovou nesta semana uma série de requerimentos que abrem caminho para investigar diretamente o Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados), entidade que tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O sindicato é citado em apurações sobre um esquema bilionário de descontos irregulares aplicados sobre aposentadorias, sem autorização dos beneficiários. Deputados da comissão alegam que há evidências de que a entidade promoveu filiações em massa e recebeu valores através de convênios com o INSS, muitas vezes sem o devido conhecimento dos inscritos.
Os pedidos foram apresentados pela deputada Adriana Ventura (Novo-SP), que requereu informações sobre procurações usadas pelo sindicato entre 2015 e 2023, além de dados sobre contas bancárias que receberam repasses do Fundo do Regime Geral da Previdência Social. A meta é rastrear possíveis irregularidades e identificar responsáveis diretos pelo esquema.
O presidente da CPI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), foi direto: se o nome de Frei Chico aparecer em quebras de sigilo ou documentos da investigação, ele será convocado a depor.
Além do sindicato, a comissão também aprovou pedidos para investigar Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como operador central da engrenagem de fraudes. Órgãos como CGU, AGU, STF, PF e o próprio INSS também foram acionados para fornecer informações.
O peso político do caso
O episódio expõe um ponto sensível para o governo: o envolvimento de entidades ligadas ao círculo familiar de Lula em um escândalo que atinge diretamente os mais vulneráveis — aposentados e pensionistas. Num momento em que o Planalto já enfrenta isolamento político no Congresso e desconfiança popular, a CPI coloca mais uma sombra sobre a promessa de “respeitar o povo trabalhador”.
A investigação ainda está em andamento, mas a possibilidade de convocar o irmão do presidente para depor pode transformar a CPI em um palco de forte desgaste político.