O Recôncavo Baiano deve ganhar novo fôlego econômico com a retomada do uso do Estaleiro Enseada, em São Roque do Paraguaçu (Maragogipe), agora destinado às obras da Ponte Salvador-Itaparica. O anúncio foi feito por Afonso Florence, secretário da Casa Civil da Bahia, em apresentação na Assembleia Legislativa.
A decisão não é apenas técnica, mas também simbólica. O estaleiro, que já foi um dos maiores projetos industriais do estado, teve suas operações paralisadas após a Operação Lava Jato, quando contratos e empresas de engenharia ligadas à Petrobras foram atingidos. Agora, o equipamento ressurgirá com papel estratégico: será ponto de montagem de pré-moldados e fabricação de estacas metálicas, atividades fundamentais para erguer a ponte que promete mudar a logística e a mobilidade da Bahia.
De acordo com Cláudio Villas Boas, CEO da concessionária responsável pela obra, o Estaleiro São Roque foi escolhido por reunir condições técnicas que outros canteiros não oferecem. A área prevista em Salvador, com cerca de 50 mil m², mostrou-se pequena para a complexidade da obra. Em Vera Cruz, apesar da disponibilidade de espaço, a baixa profundidade inviabiliza a movimentação necessária. Já em São Roque, a estrutura impressiona: são mais de 300 mil m² planos, piers com calado adequado, licenciamento ambiental em dia e um espaço total de 1,6 milhão de m² às margens do Rio Paraguaçu.
O uso do estaleiro reacende a expectativa de geração de empregos e dinamização econômica para a região, que sofreu com a estagnação após a Lava Jato. Como destacou Florence, trata-se de recuperar um ativo estratégico da Bahia e reinserir o Recôncavo em um projeto de impacto nacional.
Se a ponte já carrega o peso de um investimento histórico, a escolha de São Roque como base de operação reforça a dimensão do desafio: transformar infraestrutura em vetor de desenvolvimento.





