A operação que desbaratou um amplo esquema do PCC em postos de combustíveis escancarou as brechas que permitiram a infiltração do crime organizado no setor e deixou em evidência a omissão de quem deveria fiscalizar.
O Congresso, que por anos ignorou o tema, e o governo federal, que sucateou a Agência Nacional de Petróleo (ANP), são apontados como responsáveis por fechar os olhos diante do problema. O órgão que deveria agir para “fechar as torneiras” simplesmente perdeu estrutura e capacidade de atuação.
Divulgada como a maior operação da história, a ação expôs que o “leite já estava derramado”. Mais de 300 postos de combustíveis participaram do esquema, usando bombas adulteradas que lesavam diretamente os consumidores: combustível adulterado e volume de combustível menor do que o pago.
Agora, em meio ao escândalo, o Congresso corre para tentar criar projetos sobre o tema, enquanto o governo tenta socorrer a ANP, que chegou ao ponto de fechar portas de banheiros por falta de dinheiro até para papel higiênico, como revelou a coluna.
No campo da segurança, a situação não é melhor. O Ministério da Justiça não conseguiu apresentar ou aprovar um plano nacional eficaz, já que os estados rejeitaram a proposta e tudo ficou parado.
O episódio reforça o alerta de que o crime organizado avança justamente onde o Estado falha. A gravidade aumenta diante de denúncias recentes: no mês passado, foi revelado que o governo chegou ao cúmulo de pedir autorização ao PCC para que o presidente Lula pudesse entrar na comunidade do Moinho, em São Paulo. A naturalização foi tamanha que até a oposição deixou de questionar o absurdo.
A pergunta que fica é: quem governa de fato quando o Estado terceiriza sua autoridade e se rende ao crime?





