O Banco do Brasil injetou mais de R$ 16 milhões na turnê de Caetano Veloso e Maria Bethânia, realizada entre o fim de 2024 e o início de 2025. Foram 19 apresentações patrocinadas com recursos estatais e também de uma empresa privada, o que garantiu fôlego para o projeto cultural.
Do ponto de vista comercial, o resultado não deixa dúvidas: mais de 500 mil ingressos vendidos e um circuito classificado como “extremamente lucrativo” pelo jornalista baiano Pablo Reis, da TV Aratu/Antena 1.
Mas se, por um lado, a iniciativa revela a força da música popular brasileira como espetáculo de massa, por outro, o uso de dinheiro público levantou críticas. O motivo é que os artistas beneficiados — Caetano Veloso, além de seus pares Gilberto Gil e Chico Buarque — estiveram entre os mais ativos opositores ao projeto de anistia dos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023.
Para setores da Direita, a situação soa contraditória: nomes que se engajaram politicamente contra a anistia e em defesa do PT e de governos de esquerda foram justamente aqueles favorecidos com patrocínio estatal milionário.
A turnê, portanto, se transformou em um exemplo da delicada fronteira entre cultura, financiamento público e posicionamento político. Uma equação que, em ano pré-eleitoral, tende a acirrar ainda mais o debate sobre prioridades do Estado e a relação de artistas com o poder.
