O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já promoveu 27 aumentos de impostos desde que voltou ao Palácio do Planalto em 2023. Os números, levantados pelo Poder360, escancaram uma realidade incômoda: a carga tributária cresce, mas o ritmo das despesas públicas avança ainda mais rápido.
Entre reonerações, novas taxas e revisões de benefícios fiscais, o Brasil vive uma escalada tributária que atravessa todos os setores da economia — de combustíveis a apostas online, passando por fundos de investimento, carros elétricos e até painéis solares.
O discurso oficial é o de que o aumento da arrecadação serve para sustentar programas sociais e equilibrar as contas públicas. Mas, na prática, o peso no bolso do contribuinte se tornou uma marca constante do terceiro mandato petista.
📆 O roteiro da alta
O levantamento mostra que o governo aumentou impostos 11 vezes em 2023, 8 vezes em 2024, 7 em 2025, e prevê 1 novo ajuste em 2026, totalizando 27 medidas.
Entre as principais:
Reoneração dos combustíveis, após o corte feito no governo anterior.
Taxação de fundos exclusivos e offshore, ampliando a cobrança sobre grandes patrimônios.
Aumento do IPI sobre armas e munições.
Criação da “taxa das blusinhas”, que tributa compras internacionais acima de US$ 50.
Reoneração gradual da folha de pagamento de 17 setores.
Aumento do IOF sobre câmbio, crédito, seguros, fundos e cartões.
Imposto de Renda mínimo para quem ganha acima de R$ 50 mil, a partir de 2026.
Até o CARF (Conselho de Administração de Recursos Fiscais) foi alterado, com a volta do voto de desempate favorável à União — o que, na prática, aumentou a cobrança sobre empresas.
💸 Arrecada mais, gasta ainda mais
Mesmo com o reforço na arrecadação, os dados indicam que o governo gasta em ritmo superior ao crescimento das receitas. A carga tributária em relação ao PIB subiu mais de 1 ponto percentual, mas as despesas públicas aumentaram em proporção ainda maior.
Parte da justificativa está na ampliação de programas sociais. Segundo o levantamento, os recursos arrecadados vêm sendo direcionados para três grandes políticas: Bolsa Família, Gás do Povo e Pé-de-Meia, além da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil.
Juntos, esses programas podem beneficiar até 50 milhões de pessoas — número expressivo, mas que impõe uma pressão fiscal crescente. O Gás do Povo, por exemplo, será implementado totalmente em 2026 e atenderá, em boa parte, famílias já contempladas pelo Bolsa Família.
⚖️ Reações e derrotas recentes
A política tributária agressiva também trouxe derrotas. A Medida Provisória 1.303, que criava um novo modelo de cobrança do IOF sobre fintechs, apostas e fundos de investimento, caducou no Congresso após resistência de deputados e senadores.
A decisão representou um revés direto para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e uma demonstração de desgaste da articulação política do Planalto.
Economistas apontam que o governo tem buscado aumentar receitas sem conter gastos, apostando na alta de impostos como solução de curto prazo — uma estratégia que, se persistir, pode comprometer o crescimento e o poder de consumo da classe média.
🧩 O retrato de três anos
O governo Lula chega a 2025 com mais impostos, mais gastos e menos margem fiscal.
Enquanto a retórica oficial fala em “justiça social” e “redistribuição de renda”, os números revelam um Estado que arrecada mais, mas ainda não consegue gastar melhor.
A conta, como sempre, acaba chegando ao contribuinte.





