Enquanto o bolso do soteropolitano aperta a cada ida ao shopping, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) preferiu não comprar briga com os empresários.
Questionado sobre o projeto que propõe gratuidade de estacionamento nos shoppings de Salvador, o prefeito foi direto:
“Não posso me sobrepor a uma decisão judicial.”
O argumento se baseia numa sentença de 2013, que garantiu aos shoppings o direito de cobrar pelo estacionamento. Desde então, o tema se arrasta entre decisões, contrapartidas e muita insatisfação popular.
Bruno lembrou que, na época da decisão, os shoppings ofereceram contrapartidas à Prefeitura — como a construção de 40 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e o Centro de Controle de Transporte Público. E deixou claro: “O acordo foi cumprido. Eles fizeram a parte deles, e nós a nossa.”
Mas o fato é que, dez anos depois, a cidade mudou, o custo de vida explodiu e os estacionamentos continuam cobrando caro — entre R$ 9 e R$ 14 por algumas horas.
⚖️ Justiça seletiva?
A justificativa do prefeito até parece técnica, mas esconde um velho dilema: quando o interesse do cidadão conflita com o do grande empresário, a Justiça é sempre “imutável”.
Já quando o tema é reajuste de impostos, aumento de tarifa ou leis convenientes, o poder público costuma encontrar um “jeitinho” rápido para mudar o que quiser.
O vereador Randerson Leal (Podemos) apresentou um projeto simples: dar gratuidade no estacionamento para quem consumir no shopping — algo comum em outras cidades.
Mas Bruno Reis cravou que não há espaço para negociação.
💬 “Ou paga, ou vai a pé.”
Essa é, na prática, a mensagem para o consumidor.
Ano passado, os shoppings ainda tentaram reduzir o tempo máximo de permanência, o que o prefeito barrou ameaçando cassar alvarás. Mas, mesmo assim, a cobrança segue firme, blindada por uma decisão judicial que parece intocável.
Enquanto isso, o cidadão paga duas vezes:
👉 pelos impostos que sustentam as avenidas, os acessos e a infraestrutura;
👉 e pela vaga que deveria ser pública, mas virou negócio privado.





