A eleição para a presidência do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), marcada para a próxima quarta-feira (27), ganhou novos contornos políticos após informações divulgadas pelo Política Livre. Segundo o site, o senador Jaques Wagner (PT-BA) atuou diretamente nos bastidores para reforçar o apoio à candidatura do desembargador Nilson Castelo Branco Rotondano.
A movimentação teria começado depois que Rotondano informou ao parlamentar que estava enfrentando resistência interna e receio de perder votos na fase decisiva da disputa. De acordo com a publicação, Wagner teria acionado interlocutores e conversado com figuras estratégicas para “destravar” apoios e assegurar a consolidação da candidatura.
Um pleito decisivo e um gabinete dividido
A disputa que parecia resolvida passou a preocupar aliados do governo quando surgiram sinais de migração de votos para outros nomes. Wagner, uma das principais vozes políticas do PT no estado, teria se colocado como uma espécie de “fiador” de Rotondano, reforçando compromissos internos e pedindo empenho de setores que estavam hesitantes.
Nos bastidores, a intervenção do senador é lida como uma demonstração clara do interesse do governo da Bahia em preservar influência sobre o comando do Judiciário estadual. A presidência do TJ-BA é estratégica, sobretudo diante de pautas sensíveis que envolvem orçamento, gestão interna, demandas da segurança pública e relação institucional com o Executivo.
A força do gesto político
A suposta participação ativa de Wagner na costura final mostra que a disputa extrapolou o campo jurídico e assumiu contornos políticos. A mensagem interna é evidente: deixar o pleito correr sem monitoramento poderia resultar em uma derrota simbólica para o governo.
A candidatura de Rotondano, até então considerada favorita, passou a enfrentar ruídos que exigiram reforço de articulação. O apelo do desembargador ao senador — relatado pelo site — foi o gatilho para uma mobilização discreta, mas firme, para reequilibrar o cenário.
O que está em jogo?
O comando do Tribunal de Justiça não é apenas uma função administrativa. A cadeira define prioridades, orçamento, gestão de pessoal, digitalização, investimentos, custo de funcionamento e, sobretudo, a interlocução direta com o governo estadual. Perder esse espaço para um nome desalinhado politicamente pode gerar desconforto e reduzir margens de negociação.
Por isso, a eleição de quarta-feira é tratada como estratégica dentro do grupo governista. A ação de Wagner indica que o alto escalão não pretende correr riscos — especialmente em um momento em que o governo enfrenta desgaste e pressões por resultados.
Clima de tensão até o dia da votação
Apesar da intervenção, fontes afirmam que a disputa segue “quente”. A movimentação de Wagner trouxe segurança ao núcleo de Rotondano, mas não eliminou totalmente as incertezas. O clima é de monitoramento permanente, articulação contínua e atenção redobrada aos movimentos de última hora.
A eleição promete ser um termômetro da influência do governo dentro do Judiciário baiano — e, ao que tudo indica, a disputa está longe de ser apenas uma questão institucional. Nos bastidores, a política continua jogando seu papel mais determinante.





