Depois do silêncio estratégico que se seguiu às eleições de 2022, ACM Neto começa a movimentar as peças no tabuleiro de 2026. O ex-prefeito de Salvador, que viu o governo escapar por poucos pontos percentuais, se reuniu com aliados num café da manhã em Salvador para discutir os próximos passos de sua trajetória política. A pauta era clara: reeleitura da derrota passada e construção de uma nova vitória futura.
Enquanto os dados da pesquisa BN/Paraná mostram que Neto ainda lidera com folga as intenções de voto — 53,5% no cenário estimulado e 59,4% num eventual segundo turno contra Jerônimo Rodrigues — o grupo que o cerca sabe que números não ganham eleição sozinhos. Ainda mais numa Bahia onde o interior decide.
O vice ideal não pode ser só um nome — precisa ser uma ponte
Em 2022, a escolha de Ana Coelho como vice foi uma tentativa de arejar a chapa com uma mulher empresária e jovem, mas a falta de base no interior cobrou um preço. Desta vez, Neto sinaliza que não há espaço para erros. O perfil desejado para vice é claro: alguém com base sólida no interior, capacidade de articulação e, acima de tudo, que dialogue com regiões onde o ex-prefeito tem menor penetração.
Circulam nos bastidores pelo menos três nomes:
Reinaldinho Braga (MDB), ex-prefeito de Xique-Xique, forte no Vale do São Francisco. Uma região que Neto sabe que precisa conquistar.
Dal Barreto (União Brasil), empresário que faz o caminho de Ana Coelho ao contrário: sai do setor produtivo para a política e já circula bem nas bases.
Zé Cocá (PP), prefeito reeleito de Jequié com mais de 90% dos votos, hoje um dos nomes mais populares do sudoeste baiano. Mas sua relação com Jerônimo pode levantar dúvidas sobre lealdade partidária.
Não se trata apenas de equilibrar geograficamente a chapa. A escolha do vice será o primeiro gesto político de Neto em 2026, e os sinais que ele envia com isso — para prefeitos, partidos e eleitores — podem ser decisivos.
O que está em jogo é mais do que um cargo
A eleição de 2026 começa muito antes do horário eleitoral. Ela está sendo costurada agora, em mesas discretas, cafés reservados e ligações longas. O União Brasil já sente a pressão para entregar mais do que promessas: seus líderes precisam mostrar que aprenderam com os erros.
ACM Neto, mesmo sem mandato, ainda é visto como o maior nome da oposição na Bahia. Mas precisa consolidar essa liderança. A pesquisa recente mostra que ele segue bem posicionado, mas também revela um cenário ainda fluido, onde a força do interior, as alianças certas e a leitura do momento político podem virar o jogo para qualquer lado.
A construção da vitória começa pelo vice. E em política, a escolha de um nome nunca é apenas técnica. É sempre um recado para quem está de olho no poder.