Em uma entrevista franca ao portal Política Livre, o deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Adolfo Menezes (PSD), acendeu um alerta sobre o clima político que já se desenha no interior do estado a dois anos das eleições. Segundo ele, “há ex-prefeitos gastando R$ 1,5 milhão para se eleger deputado desde já”, num cenário de antecipação eleitoral que expõe as fragilidades da gestão pública e o poder do dinheiro na política baiana.
Menezes, que está no Legislativo desde 2007 e se tornou uma das vozes mais experientes do PSD, criticou o uso indevido da estrutura municipal e o descontrole nos gastos de campanha. “Tem muito ex-prefeito usando a máquina e se lançando antes da hora, gastando milhões para garantir espaço”, afirmou. A fala ecoa entre bastidores políticos e reforça a percepção de que a disputa por poder em 2026 já começou, e com cifras nada modestas.
O parlamentar também comentou sobre as tensões dentro da base aliada do governador Jerônimo Rodrigues (PT), especialmente em torno das candidaturas ao Senado. Menezes avaliou que não deve haver rompimento entre PT e PSD, embora reconheça que “há cinco nomes para quatro vagas”, o que inevitavelmente deixará alguém de fora. Entre os cotados estão Jaques Wagner (PT) e Ângelo Coronel (PSD) — ambos com peso político e histórico de articulação forte na base.
Sem fugir de perguntas sobre seu futuro, Menezes evitou se comprometer com novos cargos, mas admitiu que não descarta seguir outro caminho fora da Assembleia, como uma possível indicação para tribunal de contas. Em tom filosófico, resumiu:
“Os homens devem mudar com os tempos.”
A entrevista evidencia não apenas a antecipação da disputa eleitoral, mas também um problema estrutural da política baiana: o uso da influência e do dinheiro público como combustível de campanhas. Ao citar prefeitos que se movimentam com altos investimentos, Menezes expõe um retrato incômodo — o da política que se confunde com negócios e da representatividade transformada em projeto pessoal de poder.
📌 Análise Soberana
O desabafo de Adolfo Menezes vai além da denúncia: é um retrato de como o jogo político na Bahia segue refém de velhas práticas. Enquanto prefeitos antecipam campanhas e constroem palanques com recursos públicos, o eleitor segue à margem, assistindo a uma corrida onde quem tem mais dinheiro larga na frente.
A fala de Menezes reforça uma verdade incômoda: o poder ainda é o principal projeto de muitos políticos — e não o povo.





