O governo da Bahia deu início à distribuição de 250 mil sacas de milho para pequenos criadores em municípios atingidos pela estiagem. A ação, anunciada como parte de uma estratégia de enfrentamento da seca, está sendo celebrada publicamente pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) como símbolo da parceria entre o governo estadual e o presidente Lula. No entanto, os números por trás do programa acenderam o alerta.
Segundo dados da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), cada saca de milho foi adquirida por R$ 104 junto à Cooperfarms (Cooperativa de Produtores Rurais). Mas o preço médio de mercado, segundo levantamento feito pelo Informe Baiano, gira em torno de R$ 72. A diferença de R$ 32 por unidade representa um possível sobrepreço de mais de R$ 8 milhões em recursos públicos.
A medida deve atender cerca de 25 mil famílias de agricultores familiares cadastradas no Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional e no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF). O milho é destinado à alimentação de rebanhos de caprinos, ovinos e bovinos leiteiros, fortemente impactados pela seca prolongada.
Apesar da importância da ação diante da crise climática, o alto custo por saca levanta questionamentos. Especialistas em contas públicas alertam que, em situações emergenciais, o cuidado com o uso dos recursos públicos deve ser redobrado, evitando que o socorro vire desperdício — ou favorecimento.
Em vídeo nas redes sociais, o governador reforçou que “essa é mais uma ação de cuidado com quem cria e produz no sertão”. A primeira remessa do milho já chegou a cidades como João Dourado, Juazeiro, Ibotirama e Chorrochó.
Mas, nos bastidores, a pergunta que paira é outra: quem realmente está sendo socorrido com essa operação?