Enquanto a Bahia enfrenta crises simultâneas que afetam diretamente a população — de falhas gritantes no sistema penitenciário às paralisações escolares sem fim — o que mais chama atenção não é o caos em si, mas o silêncio constrangedor do governador Jerônimo Rodrigues (PT).
🚨 Sistema prisional fora de controle
O presídio de Eunápolis virou símbolo de um colapso anunciado. Fugiram dois detentos, surgiram denúncias de regalias escancaradas para presos e suspeitas de que o crime organizado esteja dando as ordens por lá. A situação é tão grave que a exoneração do secretário de Administração Penitenciária, José Castro, chegou a ser cogitada. Mas foi freada — sabe por quê? Porque o MDB, partido que indicou Castro, é aliado do governo. Ou seja: a fidelidade política falou mais alto que a segurança pública.
Enquanto isso, o governador permanece calado. Nenhuma nota oficial, nenhuma entrevista. Nenhuma ação concreta visível. O Estado, que deveria garantir a ordem e a justiça, opta por se esconder atrás do protocolo e das alianças políticas.
📚 Greves de professores e disputas por poder
A greve dos professores em Salvador, declarada ilegal pela Justiça, deixou de ser uma pauta da categoria e virou palco de uma guerra política entre correntes da esquerda. O PSOL, com a professora Denise de Souza (esposa do deputado Hilton Coelho), e o PCdoB, brigam dentro da APLB-Sindicato pela hegemonia da narrativa. No meio disso tudo, alunos da rede pública seguem sem aula.
Em Lauro de Freitas, a situação não é diferente. A prefeitura tenta aplicar a lei e racionalizar a folha de pagamento. Em resposta, parte do sindicato quer manter gratificações herdadas de administrações passadas — mesmo contrariando decisões judiciais.
São greves onde interesses eleitorais se sobrepõem ao interesse dos estudantes. A educação virou trincheira de disputa e moeda de troca.
🏛️ Intervenções políticas no próprio partido
Dentro do PT, o cenário também não é de paz. Em Itabuna, denúncias revelam que servidores públicos foram perseguidos e demitidos por não apoiarem o candidato “oficial” nas eleições internas. Contratos da administração estadual estariam sendo usados como chantagem eleitoral.
Para piorar, segundo apuração da imprensa, o senador Jaques Wagner promoveu uma renovação à força dentro do partido, passando por cima de lideranças locais e impondo nomes “de confiança”. A tal renovação virou centralismo autoritário.
🔎 Análise: O que está em jogo?
A Bahia de Jerônimo vive uma crise institucional silenciosa. O Estado está presente onde não deveria (manipulando disputas internas, sindicalizando o serviço público) e ausente onde é essencial (prisões, escolas, segurança).
O silêncio do governador não é ausência de posicionamento — é estratégia. Uma tática para não se comprometer, não contrariar aliados, não manchar a narrativa do partido. Mas há um custo: a omissão se transforma em cumplicidade.
No final das contas, é o cidadão que paga: com insegurança, com seus filhos fora da escola e com uma máquina pública mais preocupada em manter o controle político do que em servir à população.