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Bahia envia R$ 21,5 milhões para Cuba custear bolsas de medicina a 60 alunos
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Bahia envia R$ 21,5 milhões para Cuba custear bolsas de medicina a 60 alunos

O governo da Bahia firmou um acordo internacional que prevê o repasse de R$ 21.584.142,90 ao governo de Cuba para financiar bolsas de estudo de medicina para 60 estudantes baianos de baixa renda. O investimento, confirmado pelo Bahia Notícias, será destinado à Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM) e será pago ao longo de seis anos e meio, período total do curso.

O edital de seleção, publicado pela Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), dá prioridade a jovens residentes da zona rural, reforçando o discurso oficial de que a medida pretende suprir a carência de profissionais em áreas de difícil acesso no estado. O processo seletivo ficará sob responsabilidade da Uneb, enquanto o acordo internacional foi firmado via Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI).

Segundo a Sesab, o valor pago cobre todos os custos: matrícula, hospedagem, alimentação e bolsa de estudos para manutenção dos estudantes em Cuba. Em média, o investimento público chega a cerca de R$ 360 mil por aluno — total repassado diretamente ao governo cubano.

Custo real do curso sugere valor ainda maior

Fontes oficiais da própria ELAM informaram que, para não bolsistas, o curso de medicina em 2024 tinha valor aproximado de US$ 57,4 mil (cerca de R$ 303 mil), incluindo mensalidades e o ciclo pré-médico. A hospedagem na residência universitária custa US$ 6,85 por dia, com alimentação incluída.

Ao projetar esse custo para os 6 anos e meio, o investimento real estimado chega a R$ 23,2 milhões, cifra superior ao montante que o governo da Bahia assumiu como responsabilidade financeira no acordo.

Contrapartida obrigatória no retorno ao Brasil

Apesar do investimento elevado, os alunos terão uma obrigação ao concluir o curso e validar o diploma no Brasil:

atuar por no mínimo dois anos em regiões da Bahia com difícil acesso e forte déficit de profissionais de saúde, prioritariamente na zona rural.

A Sesab afirma que essa exigência representa uma “retribuição social” pelo investimento público realizado.

Contexto e questionamentos

A iniciativa reacende o debate sobre modelos de formação médica, investimentos internacionais e prioridades da política pública baiana. O repasse direto ao governo cubano, a duração do contrato, o custo por aluno e a comparação com alternativas de formação no Brasil entraram no radar das discussões políticas e técnicas.

Ao mesmo tempo, defensores do projeto argumentam que a medida supre a dificuldade de levar médicos para comunidades remotas, enquanto críticos questionam a escolha do destino dos recursos, a dependência de um governo estrangeiro e o impacto financeiro sobre o estado.

Em um momento de forte pressão sobre a gestão da saúde — sobretudo na atenção básica e na interiorização dos serviços —, o novo acordo internacional coloca a Bahia novamente no centro de uma disputa de narrativas sobre prioridade pública, soberania administrativa e modelos alternativos de formação profissional.

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