A execução do ex-delegado-geral de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, não é apenas mais um crime de repercussão — é um retrato fiel da escalada do crime organizado no Brasil. Morto em uma emboscada planejada com treinamento militar, em que criminosos fortemente armados o perseguiram de carro e o executaram com fuzis, o caso escancara a ousadia das facções e a fragilidade do Estado diante da violência.
A polícia já identificou dois dos seis suspeitos do atentado. Um deles possui ligação direta com o Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do país. O episódio, segundo investigadores, mostra que o grupo opera com disciplina e táticas de guerrilha, transformando o crime em uma força paralela que desafia a ordem pública.
O promotor Lincoln Gakiya, que há mais de 20 anos investiga o PCC, fez um alerta duro: “O Brasil caminha a passos largos para se tornar um narcoestado, se nada for feito”. Segundo ele, a facção já atua como uma máfia, expandindo-se além do tráfico de drogas e infiltrando-se em mercados financeiros e empresariais.
Gakiya defende a criação de uma legislação antimáfia específica, capaz de tipificar penalmente essas organizações, já que a atual Lei das Organizações Criminosas não acompanha a complexidade e a periculosidade do cenário atual.
Mais do que um crime isolado, o atentado contra Ferraz Fontes é um símbolo da falência do Estado brasileiro em enfrentar as facções. A cada novo ataque, fica mais evidente que o país não combate apenas criminosos armados, mas um sistema organizado, com estrutura e estratégia para minar a segurança e a soberania nacional.
Se o alerta de especialistas não for levado a sério, o Brasil pode cruzar a linha que separa uma democracia fragilizada de um verdadeiro narcoestado.





