Enquanto a Prefeitura de Camaçari estampava sorrisos e aplausos nas redes, vendendo o Camaforró 2025 como um grande sucesso, a realidade de quem estava do outro lado do balcão foi bem diferente.
Basta circular entre as barracas para sentir o que a propaganda oficial não mostrou: frustração, cerveja encalhada, ambulantes no prejuízo e o sentimento de que a festa virou palco para interesses alheios ao povo.
❌ Cerveja que não desce
Uma das maiores reclamações foi a exclusividade imposta pela prefeitura: só se podia vender cerveja Itaipava. A escolha — nada popular entre os frequentadores — resultou em estoque parado e vendas minguadas.
Viralizou nas redes um vídeo mostrando vendedores tentando devolver a mercadoria não vendida. Até o momento, não há garantia de que a empresa aceitará o retorno dos produtos. No dia anterior, o comunicador Guiba dos Phocs já havia alertado que a devolução seria negada.
Resultado: prejuízo direto para quem mais precisava da festa para complementar a renda.
🎪 Evento terceirizado, povo escanteado
A festa foi organizada por uma produtora de fora da cidade, a Mais Produções, que também trouxe equipe de segurança externa. Profissionais locais ficaram em segundo plano — inclusive a coordenadora de eventos do município, Aline, que apesar do cargo, teria sido deixada de lado em decisões importantes.
A sensação geral foi de desrespeito com quem é de Camaçari. Os melhores espaços foram reservados para aliados políticos e amigos do poder, enquanto os comerciantes locais amargaram perdas.
🧾 Quem pagou a conta?
Enquanto o prefeito Caetano se orgulhava do “sucesso”, barraqueiros se diziam enganados. Muitos investiram alto, estocaram mercadoria, pagaram ajudantes e saíram com o bolso mais vazio que a arena do Camaforró.
Mais grave que isso: muitos relatam que não houve diálogo, nem suporte logístico, nem respeito. A que custo se promove uma festa? Quem realmente lucra com isso?
📣 O povo não é figurante
O São João é uma tradição nordestina de alegria, partilha e dignidade. Mas não dá pra celebrar quando quem garante a festa é justamente quem mais sofre com o descaso.
Camaforró 2025 será lembrado — mas não pela alegria. Será lembrado como o ano em que o som do forró não conseguiu abafar a revolta de quem trabalha.