O xadrez político em Brasília ganhou novos contornos após o ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA), anunciar sua saída do governo Lula. A decisão ocorre em meio à pressão crescente dentro do União Brasil e do PP, que já sinalizam claramente uma guinada para a oposição.
O estopim veio depois de um ultimato do próprio presidente, durante reunião ministerial, quando Lula afirmou que ministros que não estivessem dispostos a defendê-lo deveriam “pedir para sair”. O recado tinha endereço certo: Celso Sabino e André Fufuca (PP-MA), ministro do Esporte, ambos pressionados também por seus partidos a deixarem os cargos.
De um lado, Lula cobra fidelidade irrestrita. Do outro, dirigentes partidários como Ciro Nogueira (PP) e Antonio de Rueda (União) exigem lealdade às siglas. No meio desse fogo cruzado, ministros viraram reféns de duas forças em disputa: o Palácio do Planalto e o comando das legendas.
Segundo apuração, a situação se tornou “insustentável” para Sabino, que já comunicou a interlocutores sua decisão de sair. O movimento fortalece a estratégia de aproximação de União Brasil e PP com a oposição, inclusive em articulações para 2026, quando Tarcísio de Freitas (Republicanos) desponta como aposta presidencial desse campo.
O cenário é de tensão: na semana que vem, a Executiva do União Brasil deve oficializar a entrega dos cargos, o que representaria um duro golpe na base de Lula no Congresso. Para um governo que já enfrenta dificuldades em construir maioria estável, a debandada pode significar o início de um isolamento ainda maior.
💬 O recado que fica é direto: a “cobrança por lealdade” feita por Lula pode ter o efeito contrário — acelerar a saída de aliados que nunca estiveram totalmente convencidos da aliança.