A política nacional ganhou um novo capítulo de tensão nesta sexta-feira (17). O ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes comunicou oficialmente sua saída do PDT, partido ao qual era filiado desde 2015 e pelo qual disputou duas vezes a Presidência da República.
O gesto marca o fim de uma relação de quase uma década e reacende a movimentação de forças em torno das eleições de 2026.
Em carta enviada ao presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, Ciro justificou a decisão por “diferenças inconciliáveis de projeto e postura política”. O principal estopim foi a aproximação do PDT com o governo petista do Ceará, liderado por Elmano de Freitas, aliado direto do presidente Lula — movimento que o ex-ministro considerou uma ruptura com a linha de independência que defendia dentro do partido.
Segundo fontes próximas, Ciro avalia se filiar ao PSDB, legenda pela qual iniciou sua carreira e governou o Ceará entre 1991 e 1994, ou ao União Brasil, com o objetivo de enfrentar o PT nas urnas em 2026.
Nos bastidores, dirigentes tucanos já confirmam um ato de filiação previsto para as próximas semanas em Fortaleza, o que reforça o caminho do retorno.
A saída de Ciro do PDT evidencia não apenas uma mudança partidária, mas um reposicionamento estratégico. Após anos de confronto direto com Lula e críticas severas à condução econômica e ética do governo petista, o ex-ministro tenta agora reconstruir uma frente de oposição mais ampla — mirando o eleitorado de centro e de direita que busca alternativa ao lulismo.
Com o rompimento, Ciro acumula passagens por sete legendas ao longo da carreira, consolidando-se como uma das figuras mais versáteis e, ao mesmo tempo, mais controversas da política brasileira.
Seu nome volta a circular com força nas projeções para o governo do Ceará, mas também como possível articulador de uma candidatura nacional contra o PT.
Enquanto isso, dentro do PDT, a saída de seu principal líder nacional aprofunda a crise interna e deixa o partido fragilizado para o próximo ciclo eleitoral.
A dúvida agora é se Ciro conseguirá transformar o gesto de rompimento em fôlego político — ou se ficará, mais uma vez, isolado no tabuleiro da esquerda.





