“Ele não faria isso comigo”

Diante da onda de especulações que circulam nos bastidores da política nacional, o presidente do PDT, Carlos Lupi, resolveu falar alto e claro: Ciro Gomes continua no partido. E mais do que uma afirmação política, o tom usado foi pessoal, quase familiar:
“Tenho uma relação de irmandade com ele. Ciro não faria isso comigo.”

A fala, feita em entrevista ao Política Livre e à Folha de S.Paulo, tem o objetivo de encerrar a série de rumores sobre uma possível ida de Ciro para o PSDB — partido em que militou nos anos 1990 e que, recentemente, tem tentado atrair nomes com densidade eleitoral para reforçar palanques em 2026, especialmente no Nordeste.

Mas Lupi foi direto:
“Não tenho dúvida de que ele fica. Então, não perguntei. Por que perguntaria?”

A resposta é menos sobre tática e mais sobre confiança. E num partido como o PDT, que gira em torno da figura de Ciro desde os tempos de Brizola, a permanência do ex-ministro e ex-presidenciável é uma peça-chave para manter a estrutura de pé.

Ciro Gomes, por sua vez, tem adotado um tom de reaproximação com o debate público. Voltou a gravar vídeos, lançar boletins e fazer críticas abertas à condução econômica do governo Lula. Embora evite falar em candidaturas, seu nome segue sendo ventilado tanto para o Planalto quanto para uma disputa local no Ceará — cenário que o PSDB tentava explorar, mas que Lupi quer enterrar de vez.

O momento é estratégico. O PDT ainda se recupera da campanha presidencial de 2022, marcada por tensões internas e pela frustração de um resultado abaixo do esperado. Manter Ciro é mais do que uma questão de lealdade: é preservar o ativo mais valioso da legenda diante de uma eleição que, em breve, começará a tomar corpo.

No tabuleiro da política, os sinais precisam ser dados com clareza. E Lupi sabe disso. Ao tornar público seu voto de confiança, envia um recado duplo: ao mercado político, que ronda Ciro com assédio, e ao próprio partido, que precisa se manter coeso.