A crise financeira que assombra os municípios brasileiros acaba de ganhar um novo capítulo — e dessa vez, o alerta vermelho está mais aceso do que nunca. O repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) previsto para cair nas contas das prefeituras neste dia 10 de julho será de apenas R$ 3,2 bilhões, uma queda brutal de mais de 50% em comparação ao mesmo período de junho, quando o valor foi de R$ 6,82 bilhões.
Para a maioria dos municípios pequenos, onde a arrecadação própria é mínima, o FPM não é apenas uma fonte de receita: é a base da sobrevivência administrativa. Sem ele, escolas param, postos de saúde fecham, salários atrasam — e a máquina pública trava.
Prefeitos de todo o país relatam que já estão operando no vermelho. Muitos não têm mais margem para investimentos e, em casos mais graves, mal conseguem manter a folha de pagamento em dia. Demissões, cortes de gratificações e suspensão de benefícios já estão no radar de dezenas de gestões como tentativa de evitar o colapso completo.
A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e outras entidades estaduais têm pressionado o governo federal por medidas emergenciais e compensações. Mas, por enquanto, as respostas são tímidas — ou inexistentes.
O que parece uma simples retração contábil é, na prática, uma bomba-relógio social. Com a queda no FPM, serviços básicos como saúde, educação, infraestrutura e assistência social podem ser reduzidos ou até interrompidos. Obras serão paralisadas, comunidades ficarão desassistidas, e quem vai sentir primeiro — como sempre — é a população mais vulnerável.
Mais do que crise fiscal, trata-se de uma crise de gestão e de prioridade. Enquanto Brasília discute aumento de impostos e repasses bilionários para manter a engrenagem política, cidades reais lutam para manter ambulâncias rodando e merenda escolar sendo servida.
Neste momento, é fundamental que a população compreenda a gravidade da situação. Os cortes que virão não são escolha — são sobrevivência. E sem apoio federal efetivo, o colapso municipal é só questão de tempo.