A sinceridade, às vezes, vale mais que mil discursos ensaiados. Foi assim que o senador Ângelo Coronel (PSD) resolveu abrir o jogo: em um ano e meio de governo, Jerônimo Rodrigues (PT) nunca o chamou para discutir política estadual. Zero. Nenhuma conversa sobre sucessão, nenhuma construção de futuro.
Quem tem ocupado esse espaço de diálogo, segundo o próprio Coronel, é ACM Neto (União Brasil). “Eu converso mais hoje com Neto do que com Jerônimo. Neto me liga, vai à minha casa, procura construir algum acordo. Jerônimo, não”, disparou.
O contraste é gritante: de um lado, o governador que se limita a afagos protocolares quando encontra Coronel. Do outro, o ex-prefeito de Salvador que se movimenta, liga, articula e oferece espaço de conversa.
Coronel ainda deixou claro que será candidato ao Senado em 2026, esteja ou não na base governista. O recado tem endereço certo: se Jerônimo prefere a indiferença, outros lados sabem valorizar uma cadeira tão estratégica no tabuleiro político.
A fala expõe o desgaste silencioso do PT com aliados históricos. O governador, que já enfrenta dificuldades na segurança e na economia, agora soma mais um problema: a perda de sintonia com figuras de peso dentro do próprio campo.
Na prática, Coronel mostrou o que muita gente já comenta nos bastidores: Jerônimo tem governado com distanciamento político e corre o risco de chegar em 2026 com menos aliados do que imagina.