A tensão internacional entre o Brasil e os Estados Unidos ganhou um novo capítulo explosivo. Nesta sexta-feira (18), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou buscas contra Jair Bolsonaro e o acusou formalmente de tentar extorquir o Judiciário brasileiro.
Segundo Moraes, o ex-presidente teria condicionado o fim das tarifas de 50% impostas por Donald Trump a produtos brasileiros a uma espécie de “anistia” para si mesmo. O ministro afirma que Bolsonaro utilizou sua influência política como moeda de troca, pressionando o Legislativo para tentar obter um acordo de impunidade — o que, na visão da Corte, configura abuso de poder e chantagem institucional.
O episódio teve como estopim uma declaração feita por Trump no dia 9 de julho. Ao justificar o novo tarifaço contra o Brasil, o ex-presidente norte-americano mencionou diretamente o que chamou de “perseguição do STF a Bolsonaro”. Foi o suficiente para acender o alerta no Itamaraty e escancarar uma crise diplomática que já vinha sendo abafada nos bastidores.
Na prática, a declaração de Trump trouxe à tona uma tentativa frustrada de articulação nos bastidores, que agora vira alvo de inquérito. Moraes não só classificou o comportamento de Bolsonaro como “extorsivo”, como autorizou uma operação policial que mira também aliados próximos.
A crise expõe o Planalto. Lula, anfitrião da recente cúpula do BRICS, viu o Brasil virar manchete mundial por um desgaste diplomático que ele não causou — mas que também não consegue conter. O governo petista precisa agora administrar os efeitos de uma guerra política com escala internacional, enquanto a oposição se movimenta com discursos cada vez mais agressivos.
No centro da confusão, o Brasil é usado como peça num tabuleiro que mistura interesses eleitorais, pressão judicial e tensões comerciais globais. Uma trama de alta voltagem, que ainda promete novos desdobramentos.
