Enquanto o governo Lula tenta dosar o tom nas relações diplomáticas, a população brasileira já bateu o martelo: o tarifaço de 50% anunciado pelo ex-presidente Donald Trump sobre produtos do Brasil vai bater forte na economia. É o que revela a pesquisa Datafolha divulgada no dia 31 de julho, que escancara uma percepção de prejuízo quase unânime entre os brasileiros.
Segundo os dados, 89% da população acredita que a medida dos EUA trará danos à economia nacional, sendo que 66% afirmam que o impacto será grave. A percepção atravessa campos ideológicos: 92% dos eleitores de Bolsonaro e 87% dos apoiadores de Lula compartilham da mesma preocupação. Ou seja, neste caso, o Brasil parece ter encontrado uma rara unanimidade.
📉 UM GOLPE NO BOLSO E NA CONFIANÇA
A preocupação com a economia não se restringe ao debate geopolítico — ela atinge diretamente o bolso do cidadão comum. Segundo a pesquisa, 77% acreditam que sofrerão prejuízos pessoais com o tarifaço, sendo 43% em grau severo. Para a maioria dos brasileiros, o reflexo será imediato: produtos mais caros, mercado retraído e risco de novos aumentos na inflação.
Esse cenário agrava ainda mais a sensação de instabilidade e desconfiança no plano internacional. Para 51% dos entrevistados, os Estados Unidos são hoje menos confiáveis como parceiros comerciais. Já blocos como o Mercosul (72%), União Europeia (74%) e até a China (66%) ganham mais crédito no imaginário do brasileiro.
🤝 E AGORA, LULA?
O levantamento também mediu o que a população espera do governo diante dessa crise comercial. O recado foi claro: 72% defendem que o governo brasileiro busque o diálogo direto com os EUA, priorizando a diplomacia e o entendimento mútuo. Apenas 15% apoiam retaliações com tarifas recíprocas, enquanto 6% acreditam que o Brasil deve ceder às exigências americanas.
O dado mostra que, apesar da indignação, o brasileiro prefere soluções estratégicas e pacíficas — e aguarda do presidente Lula a iniciativa de liderar esse processo com maturidade e competência.
🧠 UM ALERTA NACIONAL
A pesquisa Datafolha, realizada com 2.004 pessoas em 130 municípios entre os dias 29 e 30 de julho, com margem de erro de 2 pontos percentuais, antecipa um debate que promete esquentar a cena política e econômica nos próximos meses. O tarifaço começa a valer no dia 1º de agosto, mas seus efeitos psicológicos e econômicos já estão em curso.
O desafio do Palácio do Planalto agora é duplo: conter o impacto econômico e reconstruir uma relação de confiança com os norte-americanos — sem parecer submisso, nem alimentar o conflito. O tempo dirá se o governo terá fôlego e habilidade para navegar nesse vendaval.