Os bastidores da política baiana voltam a ferver nesta terça-feira (20) com mais um capítulo da tentativa de federação entre o MDB e o Republicanos. Em Brasília, os irmãos Geddel e Lúcio Vieira Lima, figuras históricas do emedebismo baiano, sentam com o presidente nacional do partido, Baleia Rossi (SP), para discutir o que está em jogo: o futuro da sigla na Bahia e, de forma direta, o espaço na chapa de Jerônimo Rodrigues (PT) em 2026.
Com um tom diplomático, Lúcio disse ao site que “não é contra federação nenhuma”, mas deixou claro que a prioridade é garantir que a realidade política da Bahia seja respeitada. O recado, apesar suave, é direto: o MDB local quer manter o que já tem, principalmente o posto de vice-governador ocupado por Geraldo Júnior, conquista que consolidou a aliança com o PT em 2022.
“Não podemos abrir mão da aliança que temos hoje na Bahia para apoiar ACM Neto”, cravou Lúcio, ao destacar que o apoio ao grupo de Jerônimo tem aval da cúpula nacional do MDB.
O impasse, no entanto, está no desequilíbrio de forças. O Republicanos tem três deputados federais baianos (Márcio Marinho, Alex Santana e Rogéria Santos) e, por isso, pleiteia o comando da federação, caso o casamento entre as duas legendas seja confirmado. E esse é o ponto sensível: o Republicanos, na Bahia, integra a base de oposição, ligado diretamente ao ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), adversário direto do PT.
A possível federação, se mal desenhada, pode gerar um cabo de guerra interno que colocaria o MDB baiano contra sua própria estrutura nacional ou forçaria uma reconfiguração nada trivial no tabuleiro de 2026. O partido, segundo Lúcio, reivindica a manutenção da vaga de vice na futura chapa governista: “É importante do ponto de vista nacional para o partido”, afirmou.
Além da reunião com Baleia Rossi, os irmãos Vieira Lima aproveitaram a estadia em Brasília para participar da Marcha dos Prefeitos, promovida pela CNM com apoio da UPB. O presidente estadual do MDB, Jayme Vieira Lima, não acompanha a comitiva por estar na 53ª Exposição Agropecuária de Itapetinga.
Enquanto isso, a pergunta fica: o MDB vai seguir como fiel da balança ou será empurrado para o altar de um casamento político sem amor?
