Com o avanço silencioso — mas consistente — de ACM Neto (União Brasil) sobre prefeitos baianos, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) acionou o modo emergência. Na última segunda-feira (19), uma reunião a portas fechadas no Palácio de Ondina selou a preocupação real do governo com o cenário que se desenha para 2026.
O encontro contou com nomes de peso da base aliada — PT, PSD e Avante — e teve como pauta central a necessidade de refazer a estratégia política do governo frente ao fortalecimento de Neto, que vem crescendo nos bastidores, capitalizando o desgaste do governo Lula e as insatisfações com a gestão estadual.
“Os prefeitos estão de malas prontas. Eles sabem que o PT está enfraquecido e não querem afundar junto”, revelou, sob anonimato, um aliado de Jerônimo.
🔄 A estratégia de contenção
A ofensiva desenhada inclui a intensificação de viagens ao interior, liberação de recursos municipais e amplificação do discurso das “conquistas sociais” promovidas pela gestão petista. O objetivo: frear a debandada de prefeitos, muitos dos quais já demonstram apoio velado ao ex-prefeito de Salvador, mesmo ainda atrelados oficialmente à base estadual.
O temor da base governista se agrava com o derretimento da popularidade de Lula, que segundo os últimos levantamentos da Genial/Quaest, Datafolha e Paraná Pesquisas, já amarga índices de reprovação superiores à aprovação em diversas regiões da Bahia. A impopularidade do presidente, alertam os bastidores, pode comprometer a eleição de deputados aliados e desequilibrar a estrutura do PT no estado.
🎯 Neto endurece o tom
ACM Neto, até então moderado nas críticas a Lula, sinalizou um reposicionamento estratégico. Em entrevista recente, deixou claro que a neutralidade ficou no passado e que está pronto para assumir o confronto direto:
“Lula perdeu capital político. E há um caminho aberto para enfrentá-lo em 2026.”
Com essa guinada, Neto busca consolidar seu papel como líder da oposição na Bahia, usando a crise na segurança pública e a ineficiência do estado no combate às facções como munição eleitoral. O “candidato do tanto faz” de 2022 quer ser, em 2026, o candidato do ‘vamos resolver’ — e isso tem feito barulho nos corredores do poder.