O secretário de Relações Institucionais da Bahia, Adolpho Loyola, saiu em defesa do governo Jerônimo Rodrigues ao negar que a destinação de obras e melhorias nos municípios dependa de alianças políticas entre prefeitos e o Executivo estadual. A fala veio após declarações do deputado Adolfo Menezes (PSD), ex-presidente da ALBA, que havia sugerido que a aproximação com o governador garantiria prioridade na execução de obras.
Loyola buscou afastar a leitura de que existe barganha política por trás das intervenções do governo:
“O governador tem trabalhado por toda a Bahia, principalmente nessa área de infraestrutura das estradas. E, independente dos prefeitos estarem conversando e trazendo as demandas, nós temos atendido”, afirmou o secretário.
Segundo ele, a atual gestão tem priorizado o recapeamento de estradas, melhorias em distritos e asfaltamento em áreas rurais, com foco em conectar povoados e comunidades isoladas à malha viária principal. “Ligar os distritos ao asfalto é uma obsessão do governador”, reforçou Loyola, destacando que o esforço estaria sendo feito em diversas cidades.
O pano de fundo político
A declaração tenta desmontar a percepção de que prefeitos aliados teriam mais facilidade no acesso às obras — percepção que há anos acompanha a política baiana e brasileira. O tema é sensível, especialmente em um momento em que o governo Jerônimo enfrenta cobranças por maior eficiência e transparência na aplicação de recursos em infraestrutura.
No campo prático, entretanto, a fala de Loyola expõe a tensão entre discurso e realidade. Prefeitos de oposição já relataram dificuldades em ter suas demandas atendidas, enquanto aliados mais próximos do governo frequentemente celebram obras e convênios em seus municípios. A política, afinal, não se dissocia tão facilmente da execução orçamentária.
A análise crítica
O governo busca projetar a imagem de neutralidade técnica e universalidade na destinação de recursos. Mas a prática de usar obras como moeda de troca política ainda paira sobre o debate. A declaração de Loyola funciona como recado: o governo tenta afirmar que governa “para todos”, mas a pressão dos bastidores e a leitura pragmática do jogo político mostram que a realidade pode ser mais complexa.
No fim, o que está em disputa não são apenas estradas ou asfaltos, mas a credibilidade da gestão em cumprir a promessa de tratar os municípios sem distinção partidária. A pergunta que fica é: o discurso de neutralidade se sustentará na prática, ou continuará sendo apenas uma retórica em meio ao embate político baiano?