O ex-comandante do Corpo de Bombeiros da Bahia, Adson Marchesini, reapareceu em cena nesta quinta-feira (5), ao participar do evento “SOS BAHIA – Caminhos para mudar a segurança pública do nosso estado”, promovido por ACM Neto (União Brasil) em Salvador. Discreto, Marchesini evitou entrevistas, mas sua presença foi notada e anunciada oficialmente durante o encontro.
A participação ganha contornos simbólicos: exonerado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) em março, após anos à frente da corporação, Marchesini não escondeu a dor pela forma como foi dispensado do cargo.
“Quando tomei conhecimento que fui exonerado, não vou mentir, fiquei muito triste com o senhor. […] O que foi que eu errei para ser exonerado do Corpo de Bombeiros? Uma instituição que lutei”, disse, em tom de desabafo, durante a cerimônia oficial de transição de comando.
Segundo o próprio relato, ele foi chamado no fim da tarde de um expediente comum para ser comunicado da demissão.
“Isso doeu muito”, afirmou.
Marchesini ocupava o posto de comandante desde 2021 e era visto como um nome técnico e respeitado dentro da corporação. Sua ida ao evento promovido pela oposição, mesmo sem manifestação pública explícita, é lida por muitos como um gesto de distanciamento político e institucional do atual governo — e um sinal de alinhamento com a agenda da segurança pública que vem sendo construída por ACM Neto e seus aliados.
O evento contou com nomes de peso na pauta da segurança, como Rodrigo Pimentel (ex-capitão do BOPE), o governador de Goiás Ronaldo Caiado, o senador Sérgio Moro, o comentarista Caio Coppolla, além de Bruno Reis (prefeito de Salvador) e o deputado Capitão Alden (PL). A proposta do encontro foi discutir caminhos reais para enfrentar a escalada da criminalidade na Bahia — estado que lidera o ranking de homicídios no Brasil há uma década.
A presença de Marchesini reforça a atmosfera de desgaste dentro da estrutura de segurança estadual. Em silêncio, ele representou o que muitos oficiais da ativa não podem dizer publicamente: a crise de comando e a falta de reconhecimento dentro das forças baianas.
