A Bahia foi escolhida para sediar a 41ª edição do Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), marcado para 2025. O evento, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Federação das Indústrias Alemãs (BDI), é um dos mais tradicionais fóruns de cooperação bilateral entre os dois países. A decisão foi anunciada ainda em 2023, durante a edição realizada em Belo Horizonte.
Na teoria, o EEBA promete ser uma grande vitrine: temas como inovação, descarbonização, transição energética e sustentabilidade estarão no centro do debate. Representantes dos setores públicos e privados de ambas as nações se reunirão para dialogar sobre os rumos da cooperação econômica e industrial. Na prática, o que está em jogo é a capacidade do governo baiano de transformar esse holofote em legado concreto — especialmente em um estado que amarga, ano após ano, os piores indicadores sociais do país.
A escolha da Bahia tem seu mérito. O estado abriga a primeira planta industrial de hidrogênio verde da América Latina, da Unigel, que firmou parceria com a gigante alemã thyssenkrupp nucera para quadruplicar a capacidade de produção até 2025. O SENAI CIMATEC, em Salvador, também é referência em inovação e já colabora com centros de pesquisa alemães. Há, portanto, potencial.
Mas o entusiasmo precisa vir acompanhado de prudência. Em um momento em que a Bahia ainda lidera índices de pobreza, violência e desigualdade — além de sofrer com a falta de infraestrutura básica, como água em diversas cidades do interior —, é essencial garantir que os frutos desse evento não fiquem restritos aos salões climatizados e às promessas de discursos bem intencionados.
A pergunta que se impõe é simples: o EEBA será apenas mais um fórum de boas intenções ou um verdadeiro ponto de inflexão para a Bahia se reposicionar no cenário internacional?
