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Fabiano Silva bate de frente com Rui Costa e se recusa a preparar os Correios para privatização
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Fabiano Silva bate de frente com Rui Costa e se recusa a preparar os Correios para privatização

O futuro de Fabiano Silva, presidente dos Correios, está suspenso por um fio político e administrativo. Enquanto enfrenta uma ofensiva interna articulada por nomes de peso como Rui Costa (Casa Civil) e Davi Alcolumbre (presidente do Senado), o dirigente da estatal também tenta evitar uma manobra que pode custar mais do que empregos: o risco de pavimentar o caminho para a privatização da empresa.

Nos bastidores do Planalto, o diagnóstico é duro: a empresa fechou 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões — o maior da sua história recente. Com base nesse rombo, a Casa Civil sugeriu uma reestruturação drástica, que incluiria a demissão de até 10 mil funcionários e a venda de ativos imobiliários que, segundo estimativas, poderiam render até R$ 2 bilhões aos cofres da estatal.

A proposta foi apresentada durante uma reunião tensa, realizada em junho, com a presença de Rui Costa e da ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck. Fontes próximas ao encontro relataram que a tensão entre Rui e Fabiano foi visível, com o presidente da estatal saindo do encontro ainda mais convencido de que seguir esse plano seria ceder a uma narrativa de enfraquecimento da empresa — e, pior, preparar o terreno para sua venda.

Apesar da pressão direta da alta cúpula do governo, Fabiano Silva tem se mantido firme. Internamente, ele defende uma abordagem mais cautelosa e humana: demitir apenas os servidores que aderirem ao Programa de Demissão Voluntária (PDV). A decisão o coloca em rota de colisão com parte significativa da estrutura política que apoia o governo — inclusive setores ligados ao União Brasil, partido que tenta ampliar sua influência nas estatais.

Mas Fabiano tem um objetivo claro: não ser o gestor que ficará marcado por desmontar os Correios, uma empresa que, apesar das dificuldades, ainda é uma das maiores empregadoras públicas do país e presta serviços estratégicos, especialmente em regiões remotas do Brasil.

A resistência, no entanto, cobra seu preço. O nome de Fabiano já circula como “desgastado” dentro do Planalto, e há quem aposte que sua permanência no cargo depende da habilidade de equilibrar a pressão política com sua convicção institucional. Por ora, ele escolheu o lado da história que deseja escrever: o de quem segurou a porta aberta quando outros queriam fechá-la.