Desde que reassumiu a presidência em janeiro de 2023, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem adotado uma política fiscal marcada por forte expansão de gastos — muitos deles fora das regras do novo arcabouço fiscal. Somados, esses gastos extraordinários devem ultrapassar a marca dos R$ 324 bilhões até o fim de 2025, segundo levantamento da Instituição Fiscal Independente (IFI) a pedido do portal Poder360, confirmado pela CNN Brasil.
Grande parte desse montante foi concentrada logo no primeiro ano de governo. Em 2023, a chamada “PEC da Transição” — proposta que autorizou Lula a furar o teto de gastos para retomar programas sociais e quitar precatórios represados — resultou em R$ 241,3 bilhões em despesas fora das regras fiscais.
Embora a medida tenha respaldo legal, o impacto nos cofres públicos e na credibilidade do país diante do mercado é inegável. Em um cenário global de juros altos e incertezas econômicas, a percepção de descontrole fiscal volta a assombrar o Brasil.
Para 2024, o governo prevê R$ 33,8 bilhões em despesas que não entram nos limites do arcabouço fiscal. E para 2025, essa previsão sobe para R$ 49,3 bilhões. Embora os números sejam menores que os de 2023, o sinal é claro: o governo continua recorrendo a manobras fora do orçamento para bancar compromissos políticos e sociais.
Um país que gasta sem planejamento paga um preço alto
É importante lembrar que a execução desses gastos extraordinários — mesmo com base legal — afeta diretamente a confiança de investidores, pressiona o dólar e pode resultar em mais juros para conter a inflação. O problema não está apenas em gastar, mas em não apresentar um plano sustentável de equilíbrio entre despesas e receitas.
O alerta já foi dado por órgãos como a IFI e o próprio Banco Central: se o Brasil continuar aumentando gastos sem contrapartidas reais de corte de despesas ou aumento consistente de arrecadação, o risco de um desequilíbrio fiscal estrutural — que comprometa saúde, educação e segurança — se torna cada vez mais palpável.
Para além da contabilidade, o impacto é humano
Por trás dos números frios, há um país real. Um Brasil onde a fila do INSS cresce, onde faltam médicos nos postos de saúde e onde cada novo imposto para cobrir buracos fiscais recai, em última instância, no bolso da classe média e do trabalhador.
Gastar é preciso. Mas gastar com responsabilidade é urgente.