O governo da Bahia voltou a recorrer ao crédito. Em regime de urgência, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) enviou à Assembleia Legislativa (ALBA) um novo pedido de empréstimo, desta vez no valor de R$ 300 milhões, junto à Caixa Econômica Federal, por meio do programa FINISA (Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento). O Projeto de Lei nº 26.034/2025 foi publicado no Diário Oficial desta terça-feira (18).
O novo movimento amplia a lista crescente de financiamentos contratados pela gestão petista. No início de novembro, o governo já havia solicitado R$ 2 bilhões, o que representou o 20º pedido de empréstimo destinado a áreas consideradas estratégicas — como segurança pública, infraestrutura e mobilidade.
Agora, com mais esse pedido, a Bahia acumula compromissos financeiros que reforçam o debate sobre a sustentabilidade fiscal do estado.
Para onde vai o novo dinheiro?
Segundo o governo, os R$ 300 milhões servirão para contrapartidas e investimentos nas seguintes áreas:
Infraestrutura urbana
Mobilidade urbana
Infraestrutura hídrica
Infraestrutura viária
Saúde
Educação
A justificativa oficial é de que os recursos vão “ampliar as ações previstas pelo Estado”. Porém, o novo pedido ocorre no mesmo momento em que diversos setores registram paralisações e gargalos estruturais.
O pano de fundo: obras paradas e serviços travados
A decisão de buscar mais crédito reacende questionamentos sobre a capacidade de execução do governo. Apenas nos últimos meses, dados oficiais revelaram:
926 obras paralisadas em todo o estado;
mais de R$ 1,5 bilhão já liberados e não convertidos em entregas;
escolas, creches e unidades de saúde entre as obras travadas;
projetos de infraestrutura sem justificativa clara para a interrupção.
Diante desse cenário, o pedido por novos recursos suscita dúvidas sobre eficiência administrativa e prioridades de gestão.
Pressão política e desgaste fiscal
A proximidade das eleições de 2026 adiciona um componente político ao debate. O governo corre para acelerar entregas e reforçar narrativas, enquanto a oposição questiona a dependência constante de empréstimos que aumentarão a dívida para futuros governos e para a população.
Para analistas, a insistência em novos financiamentos — mesmo após sucessivas liberações bilionárias — indica uma gestão que luta para manter obras em andamento e para equilibrar sua própria imagem administrativa.
O que está em jogo
A nova operação financeira coloca mais uma vez a Bahia no centro da discussão sobre responsabilidade fiscal, execução orçamentária e eficiência do gasto público.
Enquanto a população aguarda obras que não saem do papel, o governo amplia sua carteira de dívidas e promete investir em áreas onde a cobrança social é crescente.
Resta saber se os R$ 300 milhões serão convertidos em entregas reais — ou se entrarão na estatística de recursos que somem no trajeto entre a promessa e a prática.





