A Justiça Federal determinou a perda do mandato da prefeita de Canção, Vilma Gomes, após condenação por improbidade administrativa em um esquema que envolveu fraudes em licitações de mais de R$ 8 milhões.
A decisão, assinada na última sexta-feira pelo juiz Pedro Vinícius Moraes, também condena outras seis pessoas, incluindo o ex-prefeito Ranulfo Gomes, marido da atual gestora. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), os desvios ocorreram durante a gestão de Ranulfo, quando Vilma ocupava o cargo de secretária de Saúde do município.
💰 O esquema
De acordo com a sentença, os contratos fraudados beneficiaram a empresa Simões Comercial de Combustíveis Eireli, em pelo menos sete licitações. O juiz destacou no documento que as provas — incluindo laudos técnicos, interceptações telefônicas, documentos e depoimentos — confirmam “a atuação consciente e deliberada na organização e manutenção do esquema fraudulento”.
A denúncia aponta que as licitações foram direcionadas para favorecer a empresa escolhida, comprometendo recursos públicos e violando princípios básicos da administração.
🧩 Condenações e controvérsias
A prefeita e o ex-prefeito já haviam sido condenados à prisão em outro processo relacionado ao mesmo caso, mas a decisão ainda tramita em fase de recurso.
Agora, a determinação judicial prevê o afastamento imediato do cargo, embora advogados ouvidos pela imprensa afirmem que o cumprimento da decisão depende de intimação oficial à Prefeitura de Canção e pode demorar a ter efeito prático, devido às possibilidades de recurso.
Ou seja, a prefeita segue, por enquanto, no cargo — mas com o mandato pendurado por um fio jurídico.
🔁 Reincidência e instabilidade política
Esta é a segunda vez em 2025 que a Justiça determina a saída de Vilma Gomes do cargo de prefeita.
No início do ano, ela havia sido cassada em primeira instância por irregularidades eleitorais, mas a decisão foi reformada pelo TRE-BA, permitindo seu retorno ao comando do município.
Canção, mais uma vez, se vê mergulhada em um cenário de instabilidade política, com denúncias, liminares e embates judiciais que colocam em xeque a credibilidade da gestão municipal.
Enquanto os advogados discutem recursos e prazos, a população de Canção continua pagando a conta de uma política marcada por escândalos, conchavos e promessas quebradas.
Na prática, o dinheiro desviado poderia ter financiado saúde, educação e infraestrutura — mas acabou abastecendo o motor de um esquema que parece longe de ter fim.
