O ministro do Supremo Tribunal Federal, Kassio Nunes Marques, esteve em Salvador nesta quarta-feira (5) para receber a Medalha do Mérito em Educação Judicial Desembargador Mário Albiani, concedida pela Universidade Corporativa Ministro Hermes Lima (Unicorp-TJBA), do Tribunal de Justiça da Bahia.
Durante o evento, realizado em comemoração aos seus cinco anos de atuação no STF, o magistrado preferiu não se posicionar sobre a possível indicação de uma mulher para a vaga aberta na Corte com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso.
Questionado pela imprensa, Kassio foi direto:
“São escolhas da política e não dos magistrados.”
A resposta curta e calculada foi o suficiente para marcar o tom da visita — institucional, prudente e sem ruído — num momento em que o Supremo tenta se afastar das disputas partidárias que marcaram os últimos anos.
🎖️ Um gesto de diplomacia judicial
Durante o discurso, Kassio agradeceu a homenagem e exaltou a importância da formação continuada na magistratura, afirmando que “a educação judicial é essencial para o fortalecimento do Poder Judiciário”.
Ele também citou o legado de Ruy Barbosa e a trajetória do jurista baiano Joaci Góes, ressaltando a influência da Bahia na história do direito brasileiro.
A cerimônia reuniu desembargadores, juízes, professores e autoridades políticas locais, reforçando a relação de respeito e prestígio do ministro com o TJ-BA.
🏛️ Silêncio estratégico
Ao evitar comentar a escolha do próximo ministro do Supremo — um tema que divide bastidores em Brasília — Kassio Nunes demonstrou cautela institucional e inteligência política.
A indicação da nova vaga ao STF cabe exclusivamente ao presidente da República, com aprovação do Senado Federal.
Nos bastidores, o nome mais cotado é o do atual Advogado-Geral da União, Jorge Messias, embora setores progressistas pressionem Lula a indicar uma mulher, o que reacendeu o debate sobre representatividade na Corte.
Kassio preferiu não entrar nessa arena: “são decisões da política, não do Judiciário” — frase que serviu tanto como recado quanto como blindagem.
🔍 O contexto e o recado
A visita à Bahia, além de protocolar, tem leitura simbólica.
Em um momento em que o STF tenta recuperar a imagem de imparcialidade e distância das paixões partidárias, Kassio Nunes buscou reforçar o papel técnico e moderado da magistratura.
Sem gestos de provocação e sem pautas ideológicas, a presença do ministro em Salvador foi vista como um ato de diplomacia judicial — um movimento raro num país onde até a toga se tornou alvo de polarização.





