A bússola do PDT na Bahia parece girar em várias direções e ainda sem destino certo. Depois de anunciar apoio ao governo Jerônimo Rodrigues (PT), o partido já projeta uma “conversa definitiva” para fevereiro de 2026, quando pretende entender em qual cenário político estará inserido. Quem revelou os bastidores foi o deputado federal Leo Prates, presidente municipal da legenda em Salvador, em entrevista ao Bahia Notícias.
A fala traduz um momento de transição (ou de tensão) para o partido: nacionalmente aliado ao PT, mas localmente sustentando a gestão de Bruno Reis (União Brasil) na capital baiana. E é exatamente aí que mora a contradição.
“Enquanto eu permanecer na presidência municipal do PDT, o partido em Salvador continuará dando sustentação ao prefeito Bruno Reis. Essa é uma condição”, cravou Prates.
A fala é um recado direto ao comando nacional do partido. Segundo o deputado, o presidente do PDT, Carlos Lupi, já avisou que o alinhamento com o governo estadual está dado. No entanto, a decisão sobre 2026, ano eleitoral, será tomada apenas no início do próximo ano, em uma conversa entre Lupi, Leo Prates e o presidente estadual do partido, Félix Mendonça Jr.
“Se for exigido que o PDT municipal saia da base de Bruno Reis, eu, logicamente, não terei condições de permanecer na presidência do partido”, avisou.
O PDT segue, assim, tentando equilibrar-se entre dois palanques. Apoia Jerônimo, mas permanece na base de Bruno. E 2026 se aproxima como um divisor de águas: ou o partido se alinha de vez com o petismo, ou segue no campo da oposição na capital, risco calculado que pode custar cargos, espaços e influência.
A estratégia de esperar até fevereiro pode até ser prudente. Mas também mostra um cenário em que a coerência, mais uma vez, vai sendo empurrada para depois. E a dúvida segue no ar: dá pra estar em dois lados ao mesmo tempo por muito tempo?
